quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Pandemia e caos psicológico

 Se no post anterior eu pontuei que estava muito sem tempo, agora estou com menos tempo ainda, e tentarei ser sucinta, para ajudar o máximo de pessoas que eu puder.

Preste bem atenção

O que é preciso lembrar a você que está incomodado com a pandemia, com os casos cada vez mais próximos e com a demora da vacina é que:

1 - A pandemia não vai durar para sempre;

2 - Certos episódios acontecem conosco, e não temos controle sobre eles;

3 - Pegar Covid-19, assim como qualquer doença, vai depender da sua higiene. Se você observa princípios básicos de higiene e se trata bem, a possibilidade de pegar esta doença será bem menor;

4 - Isolar-se excessivamente não vai te manter sadia, mas pode até levar a mais doença. Você precisa conversar, nem que seja um pouco, com as pessoas. Algumas vitaminas são melhor absorvidas através de relacionamento;

5 - Tome sol. Eu não precisaria dizer isto, pois é um princípio básico de saúde, mas tem gente que não está saindo de casa hora nenhuma;

6 - Fique longe daqueles canais de TV que passam 24 horas falando de Covid, de pandemia, de vacina, de mortes e coisas assim;

7 - Não embarque na prisão da máscara. Dentro de casa tire-a. Diga a você mesma que não vai usar isto para o resto da vida;

8 - Não deixe que o hábito de passar álcool gel se torne uma mania ou psicose. Lembre-se do item 1;

9 - Não dê conversa para quem só fala de doença, e particularmente desta doença;

10 - Continue as suas atividades profissionais, para manter a cabeça ocupada.

O momento

Por que enumerei estes recados ? Para ajudar uma multidão de gente que pode acabar psicologicamente muito mal, a ponto de pensar em suicídio ou em até consumá-lo. Nunca observei tanta gente atingida por uma espécie de enredo apocalíptico, que os meios de comunicação armaram em função de seus interesses. Tudo tem limite. Seja racional. Tenha controle sobre seus pensamentos. Sua vida é muito valiosa. Não deixe os outros estragarem seus dias. Pese as coisas. A vacina vai chegar. Ajude a si mesmo, não embarcando em um metrô de histeria. Você tem que sobreviver, mas tem que viver também.

Conclusão

Ficam meus conselhos. Com mais tempo explicarei melhor os motivos que me levaram a escrever esta carta de esperança para o público em geral.


segunda-feira, 9 de março de 2020

Compulsão Política

Quando me perguntam se a situação política afetou meu trabalho no consultório, eu respondo que nunca tive tão pouco tempo para escrever. Quando a economia aperta, a primeira despesa que as famílias cortam é a do convênio médico. E isto reflete nas consultas médicas. E entre estas, a que se refere à psicologia é a mais visada.

Registrar para compreender melhor

Em que o pouco tempo para escrever influi em nossa atividade de consultório ? Registrar o que acontece no tempo em que estamos vivendo é muito importante para fazer um bom trabalho em análise e em terapia psiocológica.. Quando revejo as fichas dos pacientes e acompanho o seu progresso, eu comparo com os fatos que estão acontecendo na sociedade. Toda pessoa está inserida em contextos sociais.

Situação Econômica

Não escrever também significa que estou em boa situação, as coisas estão correndo bem no meu trabalho. Frequentemente, estou estendendo minhas jornadas em uma hora de trabalho e, eventualmente, em até duas horas.

Não entendo a razão, levando em conta que muitos psicólogos se formam por ano, e muitos tem mais títulos que eu, mas não conseguem clientes. Participo de muitos Workshops e congressos, mas não tenho nenhuma pós-graduação.

Já fui conveniada da UNIMED e da Blue Life, e hoje sou absolutamente independente destes recursos de "renda garantida". No meu caso, as pessoas, mesmo nessa enorme dificuldade econômica, pagam em dia. Eu faço pacotes e aceito o planejamento econômico da pessoa, pois é ela que está pagando.

Apesar do plano de saúde ser a primeira despesa a ser cortada do orçamento doméstico, quando a situação fica preta dentro de casa, as pessoas conseguem arranjar dinheiro, para resolver o problema. Pode ser um filho com humor alterado, um parente com stress, ameaça de separação, então as pessoas se viram.

O Caso em questão

Toda a exposição anterior foi para mostrar que, mesmo apertada financeiramente, essa paciente, cujo caso vou explicar, conseguiu dedicar parte de seus recursos para se tratar, para que sua vida não desmoronasse.

O caso é bem característico destes tempos que estamos vivendo, de mudanças políticas, sociais e de aperto econômico. Pedi licença à paciente para fazer e tornar o relato público, e ela aceitou, para que outras pessoas pudessem se reconhecer nesta situação, pois isto lhe provocou muito sofrimento.

A paciente é uma mulher com idade entre 40 e 50 anos, que vivia com marido e dois filhos, numa situação de classe média, como professora de escola particular, o marido como engenheiro e ambos os filhos estudeando em escola particular, a mesma onde ela dava aulas.

Vale observar que, nos últimos 15 anos, o salário líquido do marido não aumentou o suficiente para acompanhar o aumento dos descontos de Previdência privada, mais INSS, mais Imposto de Renda (a tabela não é reajustada desde 2014) e o Fundo de Garantia, pois o salário mínimo de contribuição aumenta de acordo com o salário mínimo nacional.

Pelo lado da paciente, como professora, o fator determinante para que ela sucumbisse à crise econômica foi a sua combatividade política no ambiente de trabalho. Sendo professora de escola particular, com um ativismo político exacerbado, adivinha quem foi escolhida para perder o emprego, quando a escola sentiu os efeitos da situação econômica ? Ela, a nossa amiga. Perdeu o emprego junto com outras 3 professoras.

Ela nunca pensou nas consequências de sua militância política, mesmo não trabalhando em escola pública, segundo suas próprias palavras:

"Eu fazia de tudo para mostrar aos colegas e diretores que tínhamos que formar alunos que prezassem a igualdade e o bem comum"

Como profissional da área eu devo comentar esta convicção, que se formou na cabeça de muitas pessoas, nos últimos 15 anos. Em primeiro lugar foi um modismo. E em segundo, temos que ter a correta noção de como as coisas são em nosso país. A busca de igualdade no Brasil encontra muitos simpatizantes entre os preguiçosos. Estamos no Brasil, convém lembrar.

E foi muito irônico, como a própria paciente nos transmitiu, ver que, mesmo uma diretoria que se mostrou receptiva às ideias de igualdade e de bem comum não pensou 2 vezes em demitir seus profissionais quando a situação COMEÇOU a ficar ruim. Nem esperaram um pouco para ver como a situação ia ficar. Logo que começou o processo de impeachment de Dilma Roussef, já começara a mandar embora.

Para vocês terem uma ideia da gravidade da situação, as escolas particulares, apesar de uma evasão escolar de 11%, por motivos econômicos, nos últimos 15 anos (média obtida em levantamentos extra-oficiais na Internet), tiveram outros motivos para a perda de faturamento. Um deles é a tábua de salvação para muitos alunos: o EJA (Educação de Jovens e Adultos).

O EJA veio de encontro à esperteza dos jovens brasileiros nascidos nos anos 1990. O aluno se matricula no primeiro ano do nível médio. Faz o primeiro semestre. Talvez até complete o segundo semestre, passando de ano ou não. Em média, este aluno está com idade entre 15 e 17 anos. Estuda em escola particular. Sua maior preocupação são as festas, as garotas, roupas, redes sociais, etc. Tomam bomba, ou abandonam os estudos. Chegando aos 18 anos, fazem o EJA, para obter o diploma do nível médio de uma form,a mais fácil, ou então menos trabalhosa. Assim, economizam muitos dias em que precisam acordar cedo, enfrentar aulas nem sempre bem preparadas.

Todos estes detalhes foram fornecidos pela paciente. Isto explica como nossa professora, a deste caso, perdeu a sua fonte de renda. E, ao mesmo tempo em que perdeu seu emprego, num golpe de economia, "matando 3 coelhos com uma só cajadada", a escola cortou o desconto dado aos filhos de professores que dão aulas na mesma escola. Os donos de escolas particulares só pensam em lucro. Cortesia, bem comum, igualdade e lealdade, que eles pregam aos alunos, deixam de existir, quando vem as dificuldades.

Obviamente, ela teve que tirar os filhos da escola particular e colocar na escola pública. E o emprego ? Como ela poderia obter a sua renda perdida ?

A primeira ideia foi dirigir para a UBER. Mas teria que pagar alguém para ficar com os filhos, ainda poré-adolescentes. Sua maior preocupação, e do marido, eram as drogas. Os meninos não poderiam ficar sozinhos. Resolveu vender produtos pela Internet. Fez uma pequena compra com parte do dinheiro da indenização trabalhista. Também abriu uma loja pelo Instagram, já que não custava dinheiroi nenhum a mais. Hoje ela vende correntinhas de ouro, pulseiras, lingerie e pingentes de ouro. E isto ajudou um pouco.

Os problemas pessoais

Mas estamos fazendo um trabalho de economia ? Não. Queremos explorar o problema psicológico desta mulher, exacerbado pela sua situação econômica, advinda de transformações sociais, tendências de comportamento, etc. As dificuldades econômicas são vencidas com planejamento e trabalho árduo.

Enquanto ela não perdeu o emprego, seu marido apenas comentava, com muito jeito, as suas posturas excessivamente inclinadas para a militância radical esquerdista. E como as posturas socialistas das escolas estavam na moda, ou seja, eram aceitas como uma ideologia geral escolar, quase como uma religião, tudo corria bem. Ela era chamada para dar uma opinião sobre a forma que seria dada aos eventos, reuniões, cursos e até do material escolar. Ela estava empregada e era uma influenciadora eficiente e eficaz.

Minha paciente defendia as ideias socialistas c9omo uma verdade quase religiosa. Mas a partir de 2014, com os movimentos e manifestações de rua, ela foi perdendo amigas e amigos, que começaram a despertar para a situação corrente. Mas como tudo ia correndo bem na escola, onde era presença constante em todas as situações estratégicas e estava bem empregada, com os dois filhos tendo o privilégio de estudar em escola particular, ela não se importava com a perda das pessoas ao seu redor. Quando se usa o saldo bancário como um termômetro da vida, o efeito pode ser devastador.

Por duas vezes, e ela se lembra muito bem, em reuniões na sua residência, ela discutiu aos gritos com pelo menos um colega de profissão, um professor, e este saiu porta afora, brigado com ela para não mais sequer dar um bom dia no local do trabalho. Ela conta ter perdido por volta de 8 amizades, próximas ou mais ou menos próximas, por conta de suas posições radicais, e estes não querem mais vê-la nem pintada de ouro.
O tratamento
A linha de tereapia foi mostrar a ela "os frutos da árvore", ou seja, o que o comportamento dela e suas ideias, a "árvore e seus frutos". O que a árvore (paciente) produziu como "fruto". Os frutos foram as amizades perdidas.

Vamos ver os efeitos em casa. Ela chegou a quase se separar do marido, por diferença de opinião, isto é, um absurdo em termos de convivência do casal. Opiniões divergentes não são justificativa para rompimento de amizade e nem de matrimônio. Ela era extremamente intolerante com aqueles que discordavam de qualquer um dos princípios de coletividade que ela aprendera nas doutrinas socialistas.

O marido, homem muito esclarecido, apesar de ter pensamentos liberais, no âmbito da economia, teve muita paciência para suportar esta verdadeira obsessão da esposa, principalmente pelo líder dos trabalhadores brasileiros (pelo menos os socialistas) cujo nome todos sabem. Desta forma, combinou com a esposa que, pelo menos entre eles, este tipo de assunto não seria motivo de brigas, principalmente por causa dos filhos. Pelo menos com ele, a mu8lher parou de brigar, pois começou a ver que poderia perdê-lo. Pelo menos um lampejo de racionalismo evitou quye ela destruísse o casamento por causa de Lula, do PT, de Karl Marx e outros.

Outrop ponto abordado na terapia, para dar um choque de realidade na paciente, foi a situação econômica em que ela estava. Será que suas ideias, das quais ela tinha completa convicção, quase religiosa, eram mais importantes que o bolso vazio, filhos em escolas ruins, a quase separação, a perda de amigos de anos, e o fato de cultuar políticos que estavam sendo pegos em crimes econômicos e corrupção ?

Fizemos a comparação entre os que idolatram artistas,  músicos e jogadores de futebol com aqueles que idolatram políticos e líderes famosos. Abvordamos a personalidade dela e comparamos com a destas pessoas. Mostrei que ela incorporou o comportamento e as ideias destas pessoas, quase como se tivesse se tornado uma delas. Ela havia deixado de ser ela mesma.

Ela mesma acabou percebendo que, antes de conhecer as ideias socialistas, não tinha nada na cabeça . Não tinha as suas próprias ideias, coisas que tivesse pensado por si só. E quando entrou em contato com o socialismo, particularmente com as ideias de Karl Marx, ela disse: "É ISSO".

O desfecho

A situação atual dela, bem como as revelações das investigações feitas em cima dos políticos do partido cujo lider ela admirava, a confrontaram com as suas ideias Os frutos das convicções, construídas na sua mente pelos pensamentos políticos, quase destruíram a sua família e sua vida econômica.

O que mais a incomodou foi que a escola em que trabalhava, abraçou a ideologia socialista, coletivista e assistencialista, mas não agiu desta forma quando a situação econômica piorou. Ou seja, foram extremamente hipócritas. Abraçaram as ideias socialistas como modismo e, no final, quando o cofgre ficou vazio, retornaram ao comportamento capitalista. Em momento algum perguntaram como ela estava, após a demissão. Os colegas, havia perdido quase todos, consequência de suas convicções. Ela queria ser mais socialista do que todos. E nem seus iguais a aceitaram.

Sua principal meta de vida, a igualdade, ela ainda guarda, mas reconhece que os métodos utilizados pelas pessoas que ela julgava preparadas, estavam e estão completamente equivocados. Na opinião dela, professora, é preciso que o Brasil e a escola evoluam muito, antes de se poder chegar a um grau de "saúde cultural", ou seja, é preciso fazer a remoção da nossa cultura das ideias de esperteza, de facilitação, remover "atalhos", como o EJA, ideias de enriquecimento rápido sem se importar se o método é honesto ou desonesto.

Em especial o EJA, que eu só vim a saber que existia pelas informações da paciente, provocou uma evasão escolar como forma de atalho, para economizar um esforço de 1 a 3 anos, conforme o indivíduo que se serve deste recurso. Ela reconheceu, ou confessou, que viu material escolar sendo comprado acima da quantidade necessária, ficando fechado em armários por um tempo, e dispensados depois em caminhões, para destino que ela ignora. Daí ela conseguiu admitir as pessoas presas por fazerem licitações fraudulentas e maracutaias que renderam muito dinheiro às direções de escolas e órgãos do governo.

E hoje

Hoje ela continua vendendo produtos pela Internet, pois é um negócio que vem dando certo. Também dá aulas particulares. Não abre mais a boca para defender o líder que ela tanto defendia e nem os teóricos que o inspiraram. Constatou que tudo foi feito em torno do dinheiro. Este foi o efeito mais significativo da terapia. Ela tem muita esperança de que o país melhore, pelo menos por que a verdade, agora, foi exposta.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Cultura da abstinência

Eu tinha que ter mais tempo para escrever, pois os tempos que estamos vivendo exigem o esclarecimento da mente das pessoas. E os amigos me perguntam: "Escrever para quem, se ninguém quer saber de ler ?"

Eu respondo que pelo menos alguns lerão, e estes poucos ajudarão a espalhar o que se escreve, e logo o hábito de leitura voltará com toda força. Eu acredito nisso. Se eu não acreditasse na melhora do mundo, eu não teria me dedicado à psicologia.

Motivação

O que me motivou a escrever este artigo foi a revolta. Ouvi, em uma destas manhãs, uma gravação de mulheres discutindo no programa "Observatório Feminino" da rádio mineira Itatiaia, de uma forma que me incomodou muito. O fato mais absurdo do programa foi o fato de não haver a presença de nenhum homem. Vejam, eu, uma mulher, estou reclamando da presença masculina em um programa que discutiu abstinência. E sabem por que ? Porque o programa tentava jogar a culpa pela gravidez das meninas nos meninos. Os jovens homens são os culpados, pois não usam camisinha e a sociedade só exige cuidado das meninas.

Em suma, uma abordagem feminista, e que ainda desprezou o fator preponderante, hoje, na relação entre os jovens: as drogas.

Mas vamos primeiro expor o quadro do contexto jovem de todos os tempos e complementar com o de hoje.

O Sexo

O assunto é o sexo. Não adianta discutir situação política, social e econômica, colocando fatores bem distantes do problema em questão, para tentar desviar o foco. O sexo é o foco da questão. E qual é o quadro geral que domina todos os tempos ? A chegada da adolescência traz consigo o desejo do jovem de ter o encontro carnal, puro e explícito com o outro sexo. Pobre, rico, que esteja na escola ou não, de pouca ou muita cultura, está suscetível ao fenômeno mais simples da natureza humana:

"entrou em contato com o sexo oposto, o resultado é o ato sexual"

Quantas campanhas de prevenção já foram feitas ? Hoje os pais falam abertamente do assunto, e o que aconteceu ? Aos treze anos vejo pacientes jovens que já se cansaram da prática do sexo. O caminho da ampla divulgação deu errado e isto é fato. Educação sexual nas escolas só serviu para acender ainda mais a curiosidade do jovem.

Prevenção

Deixemos a utopia, a simulação do ideal. Não são só os meninos que se descuidam e até repudiam a camisinha. As meninas também não gostam. Preferem tomar injeções e tomar os comprimidos do que fazer sexo com aquele intermediário incômodo. Elas querem a sensação integral, sem atenuantes.

Então vem estas feministas, fora da realidade, dizer que os meninos tem que se previnir. Pois bem, ainda existe o fator das drogas. Os jovens não fazem mais o sexo em uma situação de consciência plena. Quase a totalidade deles fuma pelo menos um cigarro de maconha antes de sair de casa, e fuma mais um antes do sexo, pois dizem que a sensação é ainda melhor.

O fator drogas foi completamente ignorado na discussão quase infantil tendenciosa e vergonhosa que ouvi na gravação do programa de rádio citado.

Senso comum

Quando o sexo era um tabu, havia meninas que ficavam grávidas, sim, mas não havia tantas como hoje. Os jovens ainda chegava à idade adulta gostando do sexo e fazendo-o de forma sadia. Não havia nos consultórios tantos jovens com desinteresse por sexo e até pela vida, não achando graça em nada e, acima de tudo, NÃO HAVIA JOVENS TOMANDO REMÉDIOS CONTROLADOS para conter sua ansiedade e seu medo perante o mundo.

Se temos, na vida, algo que é difícil de se controlar, pela sua exigência de maturidade, o mais aconselhável é manter este algo como um tabu.

Em sua obra, Freud cita um grupo humano em que o genro não podia sequer dirigir a palavra à sogra, para evitar o nascimento possível de uma relação mais profunda entre eles.

Falar abertamente de sexo, para os jovens, deu errado. Isso produziu jovens que tem suas primeiras experiências aos 11 anos, vejam que absurdo. Eles começam a praticar algo sério e necessário para o desenvolvimento mental em uma idade em que sequer o corpo está totalmente formado, com consequências psicológicas que ajudam a manter nossos consultórios cheios.

Alerta

Se existirem psicólogos e profissionais de ramos relacionados defendendo a educação sexual muito cedo, eu digo com certeza que o interesse deles é pelo lucro, pelos seus ganhos. Tudo tem o seu tempo.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Culto ao proibido e ao ilegal

Entre os adolescentes, gostar do que é proibido é quase regra. Fumar cigarro comum, legalizado, já foi usufruir de algo proibido lá pelos anos 1970. Agora o proibido é a maconha, a cocaína, o "doce" (ácidos e compostos sintéticos), o haxixe e outros.

Com uma certa restrição, posso citar, sem ter medo de errar, que o homossexualismo também, fundido com o fator moda. O homossexualismo já foi olhado com a ótica de algo repugnante e proibido, a ponto de, no Reino Unido, nos anos 1940 e 1950, ser punido com castração química.

Eu digo, com a segurança de uma profissional do ramo da psicologia, que a atração pelo proibido é característica prevista para o ser humano. A primeira fase é a curiosidade. A segunda fase é a fantasia. A atração é a terceira. A quarta é a experimentação. A quinta é o hábito e a sexta é o vício.

Liberalização

A Liberação das drogas, como os próprios usuários estão querendo, sob o ponto de vista que coloquei anteriormente, só vai fazer aparecer novos alvos de curiosidade, levando à fantasia e à atração. A busca pelo proibido não tem fim na juventude.

Ídolos

Ídolos também podem se transformar em drogas, em fantasias do proibido.

A nossa sociedade está doente, e isto fica claro pelo aumento das receitas de medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, tranquilizantes e calmantes. As vendas das indústrias farmacêuticas só vem aumentando. E em uma das vertentes deste adoeciomento, está a busca por algo mais pessoal.

Jovens tendo ídolos na música é extremamente normal. Mas agora surgiu um novo fenômeno, até instigado por gente muito mal intencionada. Surgiu o ídolo político de massa. Vocês dirão que isto já existia. Getúlio Vargas foi um deles. Mas o grave agora é o fato de jovens estarem idolatrando políticos.

Vejam o caso de Lula. Ele representa a rebeldia. Ligado aos guerrilheiros dos anos 1970, ele odeia a polícia e a autoridade, odeia ricos, defende que as pessoas que não dão conta de um trabalho convencional sejam ajudadas pelo estado. Defende escola para todos, ótimo, só que a admissão para estes cursos "para todos" se dá até pelo processo de redação, pura e simplesmente.

O ENEM é ótimo. Ótimo para as melhores escolas, que pegam os melhores alunos. As escolas menos conceituadas pegam aqueles que tiram notas mais baixas. O vestibular vinculado à uma escola praticamente acabou.

Não estou entrando em detalhes da educação para discutí-la, mas para mostrar uma das principais exigências feitas ao jovem: educação, escola.

Estes processos que vieram se delineando da fase de governo popular, no país, vieram de encontro aos anseios do jovem. E entrar em uma universidade, sem muito méwrito, já foi coisa proibida. E o que acontece agora ? O jovem entra em um curso, frequenta por três meses e muda para outro curso, isto se não parar de estudar.

Ao tornar as coisas fáceis, este ídolo das massas- Lula - e sua continuadora Dilma Roussef só pioraram as coisas. Mas se tornaram os ídolos dos jovens preguiçosos.

Militantes

E estes ídolos ganharam não somente seguidores, mas militantes cegos. Em meu consultório tenho que tratar, a pedido dos pais, de jovens que passam o dia inteiro nas redes sociais defendendo seu ídolo socialista.

Para estes, Lula não é criminoso, a condenação foi injusta, ele fez progredir o país, é um sujeito extraordinário, não roubou os órgãos e departamentos do governo. Alguns até admitem que aqueles que estão ao redor dele são ladrões e desonestos, mas ele não. Mesmo assim, a cegueira é anormal.

Situação atual

Diante do contexto e de sua gravidade, por vezes somos obrigados a mostrar recortes de jornal, com os fatos, para produzir o confronto com a realidade e suscitar a discussão, pois o simples fato deles falarem já é o meio caminho para a cura.

Um fato digno de nota, e constante. é o de que todos que idolatram Lula também defendem Fidel Castro e Nicolas Maduro.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Perdi o que tinha

Em continuação ao artigo anterior, sobre a situação de infantilidade do Brasil nos anos dois mil, vou expor outras situações, que até me impediram de escrever por meses, e que assustam em meio ao nosso cenário social.

Suicídio

Estou lidando com casos de iminência de suicídio. Parentes trazem seus familiares em estado psicológico crítico. E qual é o motivo ? Uma parte perdeu o alto padrão de vida de que gozava há dois anos. A outra parte tinha a promessa de alcançar este alto padrão de vida.

De quem estou falando ? De militantes da política brasileira que perderam seus cargos e de militantes que deram tudo de si ao partido, mas cujo resultado das eleições frustrou suas aspirações.

Estas pessoas, que não estão na miséria, ainda tendo condições econômicas, não querem viver como pessoas comuns, simples, do tipo que anda na rua, vivendo, trabalhando e se divertindo. Seus sonhos são muito altos.

Dependência alheia

O traço comum de história de vida destas pessoas é um enredo de vida que poderia ser bom, mas um pequeno desvio os impediu de atingir a autonomia. Estudaram e se formaram, mas, desde cedo, ocuparam cargos políticos por indicação. Nenhum se preocupou em fazer um negócio paralelo. Nenhum se preocupou com o futuro. Todos são muito submissos, até porque esperam sempre os favores de seus conhecidos. Vão a festas, eventos políticos e procuram estar próximos de pessoas que lhes interessam.

Às vésperas das eleições, intensificam seus contatos, recebem promessas, e assim vieram vivendo nas últimas décadas.

Decepção

Mas agora, perceberam que os cargos estão mais técnicos. Não se especializaram, não se preocuparam com o seu aperfeiçoamento pessoal. Preocuparam-se com lazer e entretenimento. Promessas certas de cargos, em 2018, viraram fumaça. Pessoas em quem confiaram, viraram as costas, pois, por sua vez, estão preocupadas com seu próprio futuro. Quase todos os conhecidos se encontram nesta situação.

Imaginem. Eles já possuem bons apartamentos e bons carros, mas se lamentam dizendo que não vão conseguir mais o carro do ano. Não admitem a perda do padrão por nada deste mundo.

Este é o triste destino de quem se apoia nos outros, se apoia em políticos e que não desenvolve autonomia e autoestima.

Alerta

Aos que estão começando a vida agora, dou um diagnóstico da situação. As coisas estão muito mais difíceis para quem quer viver escorado na política.

E vou mais longe. As coisas vão ficar mais difíceis em termos de emprego também. O número de pessoas que precisarão abrir seu próprio negócio vai aumentar. Os concursos ficarão mais raros e seu grau de dificuldade vai aumentar.

Estou sendo procurada para orientar seleções de pessoal cada vez mais rigorosas.

Os políticos são os novos deuses

É bom lembrar que a psicologia teve sua base herdada da Mitologia. Cada deus exibia um traço de personalidade humana, para que este traço ficasse bem nítido.

Os humanos da "modernidade" se acham muito evoluídos, mas regrediram ao estado de homens primitivos. Eles se apoiam firmemente a estes seres aparentemente cheios de poderes, que podem lhes dar conforto. O caso mais nítido, que com a devida licença às crenças de algumas pessoas, eu evidencio aqui é o de Lula. Para muitas pessoas ele é um Zeus poderoso, chefe de todos os deuses, a quem não se pode imputar crime ou culpabilidade.

Vejam como a nação brasileira mostra o seu lado primitivo.

Concluindo

O brasileiro precisa se desenvolver emocional e intelectualmente muito ainda. Desta forma conseguirá desenvolver sua autonomia e sua autoestima.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Fenomenologia do Comportamento Infantil no Brasil dois mil

Muito havia sido prometido para este século XXI. Tecnologia, a melhora da vida das pessoas e um amadurecimento e consciência que nos colocariam como raça altamente evoluída. Podemos reconhecer, neste tempo de agora, estas características ? Cumpriram-se as expectativas tão elevadas dos comentaristas ?

Uma clínica de psicologia fica suscetível ao contexto da época, com seus problemas e desastres, assim como qualquer outro tipo de atividade. Os recentes acontecimentos no Brasil, com esta avalanche de novidades na política, principalmente, nos surpreenderam em termos do comportamento desenvolvido por uma parte da população. A situação é tão grave, que alguns, mesmo sem dinheiro, vem se tratar e fazem empréstimos ou entram no cheque especial, pois estão muito angustiadas, gerando problemas no trabalho ou em casa, e sendo cobradas por suas atitudes. Vou me referir a estes indivíduos como "politicamente afetados", para facilitar a referência no texto.

Choro

É claro que um paciente amargurado, angustiado, não escapa de chorar durante a terapia. O psicólogo é, principalmente, um ouvinte por excelência. Mas o comportamento de muitos pacientes tem passado do choro de desabafo para o choro compulsivo.. Alguns estão até medicados por um psiquiatra e vem com a recomendação de também fazer terapia. Mas o motivo é novo.

Como eu disse, "uma clínica de psicologia fica suscetível ao contexto da época". O choro agora, frequentemente, está ligado ao fato do ex-presidente Lula estar preso. Estão espantados ? Os mais exaltados me perguntam: "Como é que podem ter prendido um homem tão bom e honesto como Lula ?" Meu papel não é responder. Eu pergunto a eles como veem a figura do ex-presidente, para comparar com os traços do paciente e trabalhar em suas personalidades e comportamentos.

Na época em que morreu Airton Senna, uma enorme quantidade de pacientes desenvolveu neuroses compulsivas, e choraram copiosamente, na minha frente. E o tratamento de alguns levou 4 anos. Foi um dos mais graves períodos para mim. Os pacientes me telefonavam (para os mais graves eu abri esta exceção) frequentemente. Eu não tinha smartfone e nem whatsapp para poder dar um apoio mais efetivo. Havia somente a secretária eletrônica.

Birra

Alguns extrapolam o choro e partem para birra, para aspectos políticos. Meu papel não é discutir política. Eu foco na causa: "por que isto está te incomodando tanto ?"

Os mais exaltados, se pudessem, chutariam as cadeiras da minha sala. Chegam a gritar. As cortinas ajudam a abafar o som. Coloquei tapetes por recomendação de amigos que gravam em canais de Youtube, e o efeito foi muito bom. Para terminar a sessão, tenho que acalmar estes pacientes por 10 minutos, para não saírem transtornados.

Figuras infantis

Uma parcela dos pacientes não chora. Eles exibem um outro lado: o irônico, o debochado. Fazem a figuração do presidente Bolsonaro como um palhaço. O palhaço é uma figura que revela muito sobre o imaginário infantil. Algumas crianças tem medo de palhaços, enquanto a maioria gosta muito deles, por serem a imagem daquilo que é engraçado. Já os homicidas, especialmente os matadores de policiais, tatuam a figura do palhaço no peito ou no braço. Ou seja, a criança tem uma identificação e gosta de palhaços. Somente um episódio traumático ou um estranhamento de alguma caracterização do mesmo produzem o medo que algumas delas tem por este tipo de figura.

Mas existe outro elemento, presente nas respostas que os admiradores de Lula dão em redes sociais, particularmente no Twitter e no Facebook). Vou reproduzir a expressão por que ela é a usada:

"acreditar em mamadeira de piroca"

Esta expressão é uma referência a um ato libidonoso, para diminuir os opositores de Bolsonaro. Mas é extremamente reveladora do que vai pela mente da pessoa que a profere. Nossas metáforas são os elementos que revelam nosso universo interno. O que a pessoa diz, e a forma como o faz se complementam.

Interpretação da realidade

O modo como estes pacientes "politicamente afetados" estão encarando os fatos políticos, divulgados nos jornais é uniforme. Eles creem num Lula TOTALMENTE INOCENTE. Bem, eu não colocaria minha mão no fogo por nenhum político, pois estamos no Brasil, e eu conheço profundamente os aspectos psicológicos deste povo, notadamente em cidades grandes, com todas as facilidades disponíveis.Não posso dizer nada sobre o comportamente em pequenas cidades, pois não é o meu contexto de trabalho.

O fato de fugirem, em sua interpretação, de um aspecto que é NOTORIAMENTE HUMANO, ou seja, do indivíduo poder ser tentado a ganhar um pouco a mais, e até de roubar uma diferença, como é o caso de nossos políticos, com tantos casos expostos no jornal, caracteriza uma FUGA DA REALIDADE e MESCLAR A REALIDADE COM A CRENÇA PESSOAL. Isto é conhecido como uma forma atenuada de ESQUIZOFRENIA.

Segure esta afirmação, enquanto vemos outro aspecto complementar.

Você já observou uma criança brincando. Os brinquedos e brincadeiras são antecipações das situações que ela vai encontrar em sua vida real. Quando estão brincando de polícia e ladrão (meninos) e com bonecas (meninas), elas mergulham naquele univberso que compuseram naquele momento, quase como se aquilo fosse a realidade. A comprovação vem quando você tenta tirá-los daquela atividade quando ainda não estão cansados e num estado de mergulho psicológico profundo. Eles choram até o ponto de fazer birra. É um estado bem próximo da esquizofrenia. Tirá-las da brincadeira é quase como lhes impor uma morte.

Portanto, unindo o aspecto que falamos da Interpretação da Realidade com o trauma do fim da brincadeira, chegamos à conclusão de que estes "politicamente afetados" estão em uma patamar de esquizofrenia. Compreendam por que estou assustada com o momento presente. Estas pessoas PODEM, sem dúvida, chegar a estágios extremados.

Não saber perder

Durante a campanha eleitoral de 2018, e mesmo nestes seis meses que a sucederam, os ânimos dos "politicamente afetados" se acirraram. Perder a eleição e ter o líder do partido a que a maior parte deles pertence (existem os militantes e os simpatizantes) preso simplesmente acabou com a estrutura
psicológica destas pessoas.

Esta parcela de indivíduos desaprendeu o que é saber perder.

Submeti todas elas à terapia dos jogos, e pude observar que a totalidade, não maioria, vejam bem, não sabe perder. Fiquei espantada, pois experimentos raramente dão unanimidade. Me perguntei se os brasileiros estariam todos assim, mas felizmente tenho tanto crianças como adultos em um nível normal quanto a esse aspecto.

Lamúria adolescente

Para esse grupo de pessoas, em análise, não é apenas a política que está ruim. Tudo, na vida delas, piorou com a entrada do presidente Bolsonaro. Adolescentes são assim. Como eles, os "politicamente afetados" já estão acordando mal humorados. Quem comia pouco passou a comer demais, e quem comia muito passou a não ter fome, pelo menos pela manhã.

Para se acalmar, os que fumavam estão fumando mais. Estão num permanente estado de ansiedade, e como disse no início do artigo, estão tomando remédios para diminuir esta condição. Nas redes sociais, estão colocando, compulsivamente, materialo defendendo o ex-presidente Lula, a ponto de prejudicar os estudos e até o namoro.

E, finalmente, neste aspecto, estão reclamando constantemente das coisas.

Regozijo com o mal dos desafetos

O indivíduo adulto aprende a pesar racionalmente os prós e contras, o valor das pessoas, a educação e o trato com os semelhantes.; Em especial, quando bem adultos, aprendem a não rir da "desgraça alheia", pois sabe que isto não lhe faz bem.

Os "politicamente afetados", a cada escândalo, cada falha do presidente, e agora do ministro Sérgio Moro, ficam como crianças quando estes fatos acontecem. Eles realmente acreditam que tudo vai mudar e Lula vai voltar. Depois de alguns minutos caem novamente no estado de ansiedade, achando tudo ruim.

Senso de proporção

Piaget, em sua teoria, diz que o amadurecimento é "a marcha do organismo em busca do pensamento lógico". As impressões são substituídas por conhecimentos racionais, frutos da experimentação formal e social.

O período que nos interessa é o chamado "Período Concreto" de Piaget, que vai de 7 a 11/12 anos, em que a criança começa a perceber um senso de proporção, expresso de forma excelente pelo experimento dos dois copos, um largo e baixo e outro estreito e alto, no qual se pede que ela tente dizer qual tem mais água.

O que isto tem a ver com o nosso indivíduo "politicamente afetado" ? Eu testo estes pacientes, para analisar como está o dano psicológico imposto aos seus sentidos e à sua razão, com a pergunta:

"Você tem noção de que estamos considerando quase 16 anos de governo ?"

Não peço que eles entrem em detalhes, mas que sintam a proporção de tempo em relação ao novo governo. Mas eles dizem que os "danos" deste governo são mais sérios. Esta é uma das perguntas chave com que vou testando a melhora ao longo do tempo.

Bem, a conclusão deste ponto (senso de proporção), é que os fatos afetaram a capacidade destas pessoas medirem a proporção entre as causas e efeitos e até da proporção entre os efeitos dos contextos anterior e atual, revelando mais uma vez a infantilização do estado do grupo analisado.

Síntese psicológica

Estes 8 fatores são os mais palpáveis para o leigo compreender o que está acontecendo com estas pessoas. Em suma, um processo de infantilização, que explica muita coisa de Brasil.

Confesso-me não surpresa e nem espantada, mas estarrecida com o retrocesso mental das pessoas frente à situação política atual. Até aqueles que podem minimizar os males para a nação, apesar de não procurarem tratamento, e de estarem em cargos chave, estão dentro deste grupo.

Quem assistiu a reunião do senado e a reunião da câmara com o ministro Sérgio Moro pode observar alguns potenciais individuos "politicamente afetados". Os vídeos disponíveis, se o leitor interessar, podem demonstrar os aspectos expostos.





quinta-feira, 13 de junho de 2019

No Brasil popular a, adoração a um ídolo

Os maus profissionais e os maus políticos prestam um serviço aos profissionais da psicologia. Devo agradecer a eles o movimento sem precedentes que provocaram em nossa clínica, e devo lamentar o estado emocional em que se encontra uma multidão de pessoas que confundiram os rumos de sua vida pessoal com os rumos da vida política nacional.

A finalidade aqui é tentar evitar um mal maior, como os numerosos casos de suicídio, de insatisfação geral desta multidão e de seu último estágio: a apatia total, dependência de medicamentos tarja preta e a perda da capacidade de relacionamento com os próprios familiares.

Ilustrando a contradição

Vou apresentar um cenário que ilustra muito bem a situação desta multidão de insatisfeitos, que expõe o estado em que se encontram:

Um rapaz tem o seu celular roubado por um ladrão muito conhecido no bairro. Sem ter chamado a Polícia, esta aparece. Os policiais param e interrogam a vítima. Esta diz o seguinte:

"Não quero dar queixa. Deixem o assaltante em paz. Não se metam."

Os policiais, é claro, perguntam:

"Mas como assim. Nós vamos atrás dele e recuperar seu celular. Por que você não quer ajuda, se ele te roubou ?"

Após hesitar muito, a vítima responde:

"Ele rouba a gente, mas de vez em quando deixa alguma coisa comigo, um dinheirinho, um saco de arroz, um refrigerante, ou outra coisa".

Está surpreso com algo que ocorre assim ? É essa a metáfora do estado mental de uma série vasta de pessoas que estão se consultando em nossa clínica.

Subvalorização do eu

Estas pessoas a que me refiro estão profundamente doentes com a derrota do governo popular de Dilma Roussef. O diagnóstico exato do estado de sua mente ainda é primário. O pensamento destas pessoas, que se voltaram para a adoração de Lula expressa uma "Subvalorização do próprio eu". Elas colocaram Lula num pedestal inatingível para si mesmas. Muitas tinham cargos políticos, estavam bem, estavam viajando e tinham cargos que as faziam se sentir importantes.

O adorador de ídolos, sejam políticos, músicos, atores, esportistas ou assemelhados, diz para si mesmo:

"Eu não vou conseguir me igualar, sequer me aproximar desta pessoa que atingiu tanta notoriedade".

Esta pessoa arrasta mais um ou dois, em seu caminho, e o resultado é uma corrente de adoradores que começam a promover, sem descanso, a imagem daquele ídolo.

E vejam, na situação que ilustramos acima, que mesmo o ídolo (ladrão conhecido no bairro) roubando um bem valioso da pessoa, do fã, este ainda quere afastar a polícia, símbolo da autoridade, da situação.

Conselho

A todos vocês, que estão nesta situação lamentável eu recomendo a procura de ajuda. Cada ser humano nasceu com capacidades e dons, podendo ser, após um trabalho de vida, com disciplina, seu próprio ídolo. É preciso recuperar o seu amor próprio, ou não podemos garantir nada em relação ao seu futuro.

Procurem ajuda.