domingo, 24 de setembro de 2017

Duvidar de si mesmo e o cuidado com o oposto

Como moramos neste nosso corpo, e a cabeça é o nosso guia, costumamos ser muito onipotentes e oniscientes em nossos próprios pensamentos. Devemos, o tempo todo, pensar que temos apenas uma cabeça para pensar. Temos dois olhos e dois ouvidos, mas uma só boca para proferir nossas opiniões e juízos.

A proposta

O que eu proponho neste artigo, a você leitor, é:

Que se quiser pensar corretamente, DUVIDE DE SI MESMO

O que observo entre um grupo de pessoas a quem recebo e que trato é uma rigidez de pensamento, uma certa majestade nas interpretações, e que já foi colocado em discussões, como a que está no link abaixo:

Pessoas do contra

Não é propriamente esta classificação que eu daria a estas pessoas, e acharei uma melhor no meu diagnóstico, ao final.

Discussão consigo mesmo

Nossa própria dualidade de membros, dos olhos e ouvidos (como já falei), já é uma proposta para termos sempre uma visão do outro lado das questões. Acesse a Internet e você vai constatar uma numerosa variedade de opiniões, de pontos de vista, alguns bem exagerados, radicais, engraçadas pelas colocações feitas, ridículas até.

Vamos supor que você esteja pensando sobre a tendência do politicamente correto, e lhe vem imediatamente na cabeça que a causa disto é o pensamento socialista exacerbado de hoje em dia. Então procure pensar como um racionalista também exacerbado. Este tipo de pessoa vai olhar cada objeto de discussão do politicamente correto. Tente achar três situações, no mínimo, em que se precise olhar para um e outro lado da questão, como por exemplo:

  • A gravidez na cadeia;
  • A prisão de uma mãe com filhos pequenos;
  • A detenção de menores infratores;


Escolhi estes casos porque envolvem aspectos humanos. Pense nestas "vítimas", e nos "vitimados", ou seja, nas pessoas que estão tendo sua liberdade cerceada, e nas pessoas que podem ter perdido entes queridos na mão destas "vítimas", como as classificam os politicamente corretos.

Mas, se eu propus que se olhasse "para um e outro lado da questão", propus algo até fácil. Vou ser mais exigente agora. Procure olhar um terceiro lado da questão, e é este o ponto em que quero chegar:

o equilíbrio

Quem sofreu o cerceamento da liberdade por ter cometido um crime, nunca poderia ser chamado de "vítima". O discurso politicamente correto parte do olhar de quem viu o indivíduo (e procuramos escolher aqueles que provocassem mais pena de quem olha: a mulher grávida, a mulher com filho e o menor) entrando na delegacia ou na cela. Já uma pessoa que procure o outro lado da questão pensa nas reais vítimas que estes indivíduos fizeram, na senda do mal.

E ainda precisamos de uma terceira visão. Esta outra deve ser uma mais científica, baseada na visão de uma terceira pessoa. No nosso caso, mas que pode ser extendido a tantos outros, quando se trate de julgar nos atos das pessoas, é a ESCALA DA MALDADE expressa pelo Índice da Maldade do cientista forense Michael Stone da Universidade de Columbia. Esta Escala divide os indivíduos, segundo sua maldade, desde os que matam em legítima defesa (1) até os assassinos frios, torturadores, que abusam sexualmente de suas vítimas.

As três visões

Tendo agora, depois desta procura por pontos de vista, as três visões:


  • Sua opinião;
  • O oposto da sua opinião, colocando-se do lado contrário;
  • Uma Escala do que é leve até o mais pesado;


Podemos pensar melhor, e não sermos vistos como radicais, tendenciosos ou "do contra", como coloca o artigo cujo link coloquei anteriormente.

Quando existe algum apoio científico, mesmo que temporário, mesmo antigo, tem-se um termômetro do calor que vem do erro cometido por um indivíduo, que dê pelo menos uma ideia de sua gravidade, para o tempo em que estamos vivendo.

A própria psicologia, ciência desenvolvida para avaliar os distúrbios que a pessoa esteja vivendo no momento, não dá respostas absolutas, tem progredido muito, cometeu muitos erros, mas é o melhor que temos, e deve servir de guia, e não de juiz.

Da mesma forma, sua opinião não deve ser um juízo, mas uma orientação, um apontador na escala de gravidade de um ato.

A pessoa com ênfase no oposto

A pessoa que opta obsessivamente pela Oposição Pura está julgando tanto como a pessoa que deu uma opinião sem análise de uma Escala. E para conhecer uma Escala a que se refere o assunto em questão é necessário um conjunto de conhecimentos. Conhecimento de vida é importante, mas pode estar repleto de exemplos que não se encaixam bem na situação. Mas o conhecimento por exemplos e estudo destes exemplos, com a visão de alguém do ramo pode estar bem mais certo.

Portanto, esta pessoa dita "do contra", pode ser classificada como alguém sem conhecimento, e que despreza a visão do indivíduo com quem conversa. É preciso buscar visões complementares, como esta da terceira pessoa, que pesquisou o assunto e que até construiu uma Escala. É fácil dar uma opinião contrária. Basta pegar a opinião de quem falou e invertê-la. Não existe mérito nisto. Os comentários no Youtube estão coalhados de contras. É raro ver uma opinião consistente. O leitor pode ver por si só. Falta leitura. E sem leitura não se encontra os conceitos envolvidos. Sem saber os conceitos envolvidos, não se faz relacionamentos entre as ideias. E relacionar ideias é conhecido como o nível mais elevado do que chamamos de PENSAR.

Diagnóstico

Como nada na psicologia é definitivo, podemos ter o vislumbre do "viciado no oposto" como alguém com um pequeno transtorno de planejamento, que acha que todo o assunto se resume nas ideias daquele que falou, mas como quer mostrar que ele está errado, inverte o sentido de suas ideias.

Se você observar bem, este foi justamente o nascedouro das ideias do "politicamente correto". E devemos ficar assustados com esta constatação, pois demonstra que estamos enveredando pelo caminho das inversões, que vem pervertendo todas as tradições de nossa sociedade, que beneficiam a colocação dos artífices deste tipo de pensamento tanto como cabeças filosóficas desta geração, como também em cargos políticos.

Se a sociedade, por exemplo, coloca que o aluno deve respeitar o professor, a inversão vem dizendo que o professor deve respeitar o "ritmo" do aluno. E daí ninguém acha errado o aluno agredir o professor, pois seu "ritmo" deve ser respeitado, bem como sua condição de "menor", protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Portanto, pense bem antes de emitir as suas opiniões.