sábado, 9 de fevereiro de 2019

Visão prática da Autoridade

Um consultório de Psicologia é o termômetro do estado emocional da sociedade. Nossa sociedade sofreu um profundo baque como resultado da transição da tendência anterior de governo (mais socialista) para a atual (mais conservadora). Velhos porem lapidares valores voltaram à discussão. A sociedade brasileira parece estar numa "guerra fria". Amizades tem sido desfeitas, pois aspirações e comportamentos que estavam escondidos se fizeram revelar, por causa das discussões políticas.

Um dos aspectos mais doloridos com o qual tenho me deparado diariamente, a partir desta mudança de governo, tem sido a relação das pessoas com a Autoridade. De um lado temos aqueles que, provavelmente, estão bem resolvidos com o retorno deste valor, pois não tem vindo resolver este conflito, e do outro lado temos o grupo que enche nossos consultórios, pelo fato de apresentar uma exacerbação deste conflito, que gera mal estar frente à atual situação, com consequências físicas.

Vou procurar mostrar, aqui, as peças estruturais que se conectam à Autoridade, suas derivações pelo exagero e suas relações com as emoções.

Autoridade e Sociedade

Antes de prosseguir, é preciso explicar a natureza do modelo de Autoridade. Inicialmente, a Autoridade é um modelo que age de fora para dentro. Ou seja, a vida em Sociedade é que gera as relações de Autoridade.

Posteriormente, à medida em que o indivíduo amadurecc, ele descobre que pode ter Autoridade sobre si mesmo, isto é, o DOMÍNIO PRÓPRIO. Esta é a forma final do modelo de Autoridade, que torna o indivíduo resolvido e, como consequência de ser reconhecido como maduro, uma pessoa extremamente feliz.

Aversão pela Autoridade

A aversão pela Autoridade pode apresentar elementos de repulsa por relações afetivas mal interpretadas. Existe a confusão da Autoridade com o Pai (em primeiro plano) com a mãe (em segundo plano, ou pela ausência física ou emocional do pai), ou com o principal Tutor na vida da pessoa.

Esta aversão pode se dirigir para figuras públicas notórias que tem o Poder, desde políticos até artistas que tenham alguma influência, não nos esquecendo dos líderes religiosos.

Autoridade e Autoritarismo

A Autoridade tem derivados prejudiciais e ilegítimos. Se a Autoridade existir apenas como uma personalidade "virtual", ela permanece pura. Acontece que a Autoridade possui uma personalidade humana. Existe a Autoridade e existe o seu Agente (um chefe, um gerente, um sargento, um prefeito, um governador, um almirante, etc).

Quando um agente personifica a autoridade, temos realmente um grupo social que vai colocar em prática alguma coisa, seja um Serviço, seja um Processo. O derivado prejudicial da Autoridade surge quando ela é exercida por um Agente, geralmente uma Pessoa. E as Pessoas possuem, entre os seus atributos, entre as suas qualidades, uma coisa chamada Vaidade. Se a Vaidade é mantida em seus níveis normais, temos uma Autoridade. Se a vaidade passar dos limites toleráveis, a Autoridade passa a ser conhecida como Autoritarismo:


A Vaidade pode aflorar por Transtornos, Ódio aos subordinados e por qualquer outro distúrbio de comportamento que acione os mecanismos destrutivos do Agente da Autoridade. Por isso as relações de Poder que emanam da Autoridade sobre subordinados ou liderados deve estar condicionada por um conjunto de Regras.

Hierarquia

A Hierarquia é uma cadeia de comando necessária para definir os graus de Responsabilidade. Responsabilidade é algo que não vamos explicar agora. A Hierarquia se torna proporcionalmente necessária à medida em que aumenta o número de liderados.

Influência

Em vista do assunto tratado, vamos abordar a Influência apenas sob o ponto de vista da Autoridade. Se a Autoridade for "seca", ou seja, tiver ascendência sobre os liderados apenas pelo exercício do cargo, ela pode não obter daqueles o resultado desejado. Ela poderá ter o poder, mas nunca o engajamento dos graus hierárquicos inferiores.

Para isto, será preciso que o Agente da Autoridade tenha a habilidade, isto é, inteligência emocional para construir uma relação de empatia com os liderados. Este respeitarão o Agente da Autoridade, tornando-se disponíveis, eficientes, leais e, por consequência, produtivos.


A Influência pode se dar simplesmente pela Razão, ou seja, os subordinados reconhecem que tem que obedecer e isto lhes basta. Mas quando existem vínculos Emocionais, como Afeto, Admiração ou até Amor, os efeitos são muito maiores, como já explicamos:


A relação de Amor a que nos referimos nada tem a ver com paixão, que poderia atrapalhar as relações entre o Agente da Autoridade e os liderados.

As Regras

Como toda relação de dependência, e principalmente relação humana, o exercício do poder deve ser regrado, para evitar uma influência prejudicial entre Líder e Liderados:


Não existem relações sociais, principalmente profissionais, sem Regras, sejam tácitas ou escritas. As Regras coíbem o Autoritarismo, apesar de que ele sempre se encontra à espreita.

Liderança e Carisma

A Liderança é uma Relação de Autoridade que vem pela Razão. Já o Carisma é uma Relação de Autoridade que vem pelo Afeto ou pelo Amor e que, como dissemos, produz os melhores resultados em uma equipe.


Palavras finais

Fique atento, em sua organização, às corretas Relações de Autoridade, para que se deem sob limites bem definidos por Regras, para evitar os problemas emocionais, a queda de produtividade, e a exacerbação que conduz os líderes ao autoritarismo.