domingo, 25 de novembro de 2018

Mulheres a procura de homens verdadeiros

Já escrevi, nos últimos artigos, sobre os fenômenos sociológicos brasileiros, provocados pelos últimos eventos político-sociais.

Em primeiro lugar, vou dissertar brevemente sobre os 3 (três) tipos de homens (considero já como homem qualquer indivíduo do sexo masculino com 18 anos ou mais) criados pelos últimos eventos sociais:

  • O "nem-nem", rapazes, protótipos de homens, que não trabalham e nem querem estudar;
  • O homossexual assumido, que se coloca fora da opção racional das mulheres que preferem homens héteros;
  • Os que vivem no universo dos narcóticos e estupefacientes, ou seja, na maconha ou em drogas, e simplesmente "não precisam" ou não ligam para os prazeres do sexo;

Diante desta situação, as mulheres de 18 anos em diante, na média, jovens, praticamente no início de sua vida sexual e de afloramento da consciência de serem femininas, estão optando racionalmente pela categoria de homens já formados, que já definiram sua opção sexual, que não procuram o seu prazer em maconha ou drogas, e que estejam em busca de companhia, porque precisam de uma mulher ao seu lado para convívio, por um intervalo de tempo maior que somente uma noite.

Busca do prazer

A busca primordial de um ser humano é por prazer. Como para alguns indivíduos o estado relaxante da maconha, haxixe e outras drogas basta, é suficiente para o seu grau de necessidade, eles podem optar por este caminho, compondo o terceiro grupo que enumeramos anteriormente.

Mas existe um fator complementar. Os que reduzem sua necessidade de prazer a esta terceira opção, uma escolha restritiva e puramente química, possuem uma preguiça inerente ao seu caráter. Escolher uma moça, daí procurar conhecer suas preferências sociais e materiais, seus gostos e agradá-la lhe parece oneroso. E mais que onerosoem esforço pessoal e mental, existe o oneroso do lado financeiro.

E a escolha homossexual ?

Sob o ponto de vista de uma de suas facetas, esta escolha cai na "FACILIDADE DE DECIFRAÇÃO SOCIAL": o homem entende melhor um outro homem, e a mulher entende melhor outra mulher. Bem, pelo menos à primeira vista isto pode ser verdadeiro.

Existem, no entanto, outras faces por detrás desta opção, como a admiração pela mãe e a repulsão pela autoridade do pai, NO LADO MASCULINO. O fenômeno também pode ser provocado pela confusão do papel de mãe com o comportamento que este indivíduo masculino deve repetir. Pelo LADO FEMININO, existe a admiração da menina ou moça pela mãe, que pode estar conjugada a uma repulsa pela agressividade do pai, mas que ela acaba incorporando em seu comportamento, sem o saber.

Em ambos os últimos casos do lado homossexual, pode existir uma experiência anterior hétero mal sucedida, mal resolvida ou dramática ou traumática. Nem todos os homens são agressivos, assim como nem todas as mulheres se tornam insuportáveis.

E como o ser humano busca o prazer, ele vai procurar ficar o mais longe possível do desprazer.

A preguiça

Hoje, apesar das facilidades da vida moderna, como transportes, sites de relacionamento, opções de lazer, maior disponibilidade de "exemplares humanos", as ideias propagadas pelas midias de todas as categoriasnão premiam o ESFORÇO, e sim a FACILIDADE e o IMEDIATISMO.

O prático, o fácil e o rápido são tidos como aquilo que é virtuoso, e o complicado como um caminho a ser evitado a todo custo e condenado.

Como, em uma sociedade de facilidades, benefícios e de programas sociais assistencialistas, conseguiremos convencer alguém de que o demorado, e o que demanda esforço, é o mais compensador ?

Conselho

Ao fazer a sua escolha, companheira do sexo feminino, pense no futuro. Não seja apressada, pensando em prazer ou no seu bolso. Não troque sua dignidade por uma atuação teatral para o resto da vida.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O processo grupal no fenômeno Brasil 2018

Nós mulheres estamos mais preparadas para analisar o Processo Grupal, pois como já se comprovou, o comportamento das massas é o de um organismo feminino. O mesmo podemos dizer, dentro das devidas proporções, para o universo de uma sala de aula (em geral temos professoras lecionando), e com mais restrição ainda para o conjunto de uma família. Nós mulheres somos educadoras por excelência, pelo nosso tato na condução de grupos.

O processo grupal

Podemos representar o processo grupal como a coexistência de três conceitos/finalidades, mais bem expressos pela figuara abaixo:



Vou explicar de forma muito simples. Na formação de um grupo, e em sua mecânica, estes três conceitos/fatores coexistem o tempo todo, E DEVE ESTAR BEM EQUILIBRADOS.

O melhor exemplo seria um grupo de estudos, para que os jovens possam ler este texto. Em primeiro lugar, o grupo se estabelece com um objetivo comum, em nosso caso, para gerar um trabalho pedido por um professor. Este é o aspecto da Produção. As pessoas se uniram para produzir algo em comum.

Automaticamente, surgirá um líder, exercendo a Dominação natural do fenômeno mais geral chamado de VIDA. Sempre surgirá, em um grupo, um líder, até porque, sem um, dificilmente o grupo subsistirá por muito tempo. A característica de sobrevivência não está representada, mas permeia todos os três conceitos, como forma de manutenção da Produção. Se um grupo chamado empresa deixa de Produzir, ele deixa também de existir. Na empresa, o objetivo comum tem o dinheiro como objetivo final mais palpável.

O terceiro aspecto é o Grupo/Sujeito, ou seja, uma força que sempre emana de nossa individualidade, como leve oposição.

O fenômeno Brasil

Sem perceber, o Brasil, nestes anos 2000 e 2010, foi empurrado, silenciosa e meticulosamente, para uma luta de classes, tanto no aspecto educacional, sob influência do pensamento de Paulo Freire, quanto no aspecto econômico. Tentou-se dar às classes menos favorecidas o mesmo que as favorecidas, através das dezenas de programas governamentais.

Mas houve um aspecto novo e BRASILEIRO, por excelência, devido à nossa peculiaridade entre os povos. A luta de classes deu lugar à luta de grupos de poderes, conjugada à distribuição de favores pelo grupo de dominação, em função do dinheiro.

O aspecto de dominação de um GRUPO se tornou um Grupo dentro do GRUPO. Isto é tipicamente brasileiro e chamado de JEITINHO BRASILEIRO (que poderia ser o outro título deste texto).

A dominação foi exercida pela distribuição de um bem-estar que, pelos níveis exigidos pela situação econômica, foram fáceis de se satisfazer, não atrapalharam de forma significativa a distribuição do dinheiro pelo grupo dominador.

Em outras palavras, o que a população brasileira, em seu contexto geral, precisava não era muito, mas pouco, ligeiramente acima de uma linha tão baixa, que foi fácil de satisfazer.

O aspecto Grupo/Sujeito estava adormecido dentro das pessoas, pelo falso conforto obtido como benesse governamental. E um dos fatores principais deste conforto foi o ...

O celular

Não estranhem que o celular vai entrar aqui como aspecto psicológico, pois afirmamos que o brasileiro precisava de pouco, e que também é fácil de se dominar, pelo seu baixo nível cultural.

Ter um celular, por incrível que pareça, faz com que ricos e pobres pareçam iguais. Os maiores valores da atualidade são a informação e o entretenimento, e não mais, tanto quanto no passado, os bens materiais.

O pão já foi dado pelos programas sociais. O circo está no celular. Os vídeos com pessoas em situações ridículas, golpes, assaltos, frases espirituosas e piadas formaram o circo para esta geração Whatsapp.

A vingança do Circo

Mas, mais uma vez, dentro da peculiaridade brasileira, o Celular mudou sua finalidade. De circo passou para palanque. Uma parcela da população percebeu que estava sendo dominada (a outra continua dormindo) e utilizou o celular nas eleições, através do poderoso palanque chamado Whatsapp, e mudou os rumos do país.

Foi o circo se transformando em arma. Só no Brasil algo poderia se converter de água em vinho.

Moral da História

A arma do grupo de dominação anterior, para alienar a população, se transformou em arma contra si mesmo.






sábado, 20 de outubro de 2018

Síndrome de Engels

Vamos falar do dinheiro, símbolo da riqueza, invenção que possibilitou o progresso comercial e posteriormente industrial do mundo.

Não vamos ensiná-lo a ficar rico, não vamos ensinar como ganhar dinheiro e nem como mantê-lo. Nossa abordagem será o lado psicológico.

O pão duro

O indivíduo "pão duro", que "não abre a mão prá nada", é um exemplo de manifestação da relação da pessoa humana com o dinheiro. Este se divide em dois tipos:


  • O que diz que não distribui aquilo que suou tanto para ter;
  • O que, depois de ganhar o dinheiro, não se admite gastar, pois sente culpa por ter mais que os outros;
  • O que tem amor ao acúmulo de riqueza;

O rico

Existe um quarto tipo que deve ser enumerado agora, para não perdermos a sequência de tipos:

  • O que nasceu rico, e que se sente culpado por ter mais que os outros;
  • O que nasceu rico e que ajuda os outros sem culpas;
  • O que ficou rico, sabe da dificuldade que enfrentou, e que só gasta naquilo que compensa;

O normal

O indivíduo normal ganha o seu dinheiro, gasta moderadamente consigo mesmo e também dispõe de seu dinheiro em prol dos outros eventualmente.

Comentário

Estes transtornos não são artificiais. Você diria que a invenção do dinheiro é que gerou isto. Não. O advento do dinheiro, ou seja, da moeda, apenas fez aflorar um aspecto psicológico que já existe latente dentro do ser humano, muito comentado, o egoísmo e o amor próprio.

Dentro dos tipos, para o fim deste artigo, vamos discutir o mais angustiante:
  • O que, depois de ganhar o dinheiro, não se admite gastar, pois sente culpa por ter mais que os outros;
Vamos dar um exemplo histórico, notório e de consequências para a nossa história.

Friederich Engels

O pai de Friederich Engels montou uma tecelagem nos tempos da Revolução Industrial, na Inglaterra. Como todo empresário, naquela época, oprimia os seus empregados, pagando pouco e explorando ao máximo os seus empregados. Isto não passava desapercebido do jovem Engels. E sua culpa interna pela opressão que o pai exercia sobre os empregados chegou ao nível de produzir em Engels a identificação com os empregados.

A identificação de Engels com os empregados da fábrica de seu pai foi tão forte, que ele se casou com uma das trabalhadoras mais rebeldes desta fábrica: Lizzie Burns. Ele via claramente a diferença de condições econômicas entre o pai, patrão, e os empregados. E isto o incomodou profundamente.

Em Karl Marx, Engels achou mais um apoio intelectual e psicológico para o seu "complexo". Karl Marx teve um papel tão determinante em sua vida, para o aliviar deste fardo psico-social, que Engels passou a ajudá-lo financeiramente, pois a profissão de jornalista rendia pouco, quase nada, para Marx.

A síndrome

O que chamamos aqui de "síndrome de Engels" é este complexo que acompanha algumas pessoas que tem muito dinheiro. Caracteriza-se por uma sensação de empatia acrescida de uma culpa não adequada, pelo fato deste ter aquilo que o outro não tem.

E então, com o intuito de ajudar a estas pessoas, que sofrem caladas, ou ingressam no engano de achar que a a sociedade está errada, ou que eles mesmos estão erradas por terem mais que os outros, e começam a inventar desculpas teóricas ou formulam ideologias que pretendem fazer a perfeita divisão dos bens que o mundo disponibiliza.

As pessoas não são iguais

Dentro de cada um de nós a natureza deixou uma identidade biológica inquestionável da particularidade de cada um e de sua identidade na existência: um conjunto de pequenos filamentos de DNA em cada uma de nossas trilhões de células. Se o nosso interior biológico, que abriga aquilo que chamamos de alma (movimentadora do ser, e não associada a crença), possui uma assinatura ÚNICA, isto significa que somos diferentes uns dos outros.

É um engano acreditar que, pelo fato de construirmos uma sociedade, com língua e costumes comuns, pelo menos socialmente somos iguais. Não somos, e os eventos históricos que suscitaram disputas ideológicas, até se transformarem em conclitos armados, provam isto.

Existem pessoas dispostas sadias, doentes mas dispostas, sadios preguiçosos, sadios empreendedores, sadios com vocação para obedecer ordens, sadios para dar as ordens. Existem milhares ou milhões de combinações de características individuais que produzem esta variedade enorme de pessoas que vivem à nossa volta.

A cura para a síndrome

Para se livrar da síndrome, pense nisto, uma verdade simples da natureza: as pessoas não são iguais em seu ânimo, em suas impressões do mundo, em suas manifestações filosóficas e psicológicas.

Nenhuma doutrina, nenhuma lei, nenhum regime político vai igualar as pessoas, a não ser que promova uma lavagem cerebral coletiva em um povo específico.

Não se culpe se tem mais que os outros, nem se revolte em ter menos que alguns. A natureza foi soberana ao criar a humanidade, e gravou em seu DNA como você seria.

E se você tem pouco, procure se esforçar, trabalhar, vença suas fraquezas, aprenda a controlar suas angústias, e procure um consultório de psicologia, e não um partido político.





quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Fenomenologia do Partidarismo

A proximidade das eleições e a atividade frenética do público em torno das ideias apresentadas, das ideologias propostas e das disputas verbais tem se tornado extremamente férteis mpara nós, psicólogas e psicólogos.

Forças psíquicas mobilizadas

Basicamente, o Partidarismo exacerbado mobiliza as forças da Identidade e da Autoridade. A Autoridade que promove a atração para o seu partido não precisa, necessariamente, ser forte. Apenas precisa ser mais forte que a "self-autoridade" que o indivíduo tem sobre si mesmo através da formação adequada de sua Identidade. Este é o princípio do equilíbrio destas duas forças.

À frente do Oráculo de Delfos, na Grécia antiga, havia a mais esclarecedora das frases a respeitop da Identidade:

CONHECE-TE A TI MESMO

Acrescente a isto a famosa frase de Hamlet:

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

Identidade envolve, portanto, Julgamento e Decisão. Erroneamente se confunde Identidade com auto-conhecimento apenas. Identidade, uma fusão de caráter com personalidade, possui o ingrediente do Julgamento. Em determinado momento da vida, o indivíduo vai decidir se vai ser um Figurante no enredo da história da vida, ou um Protagonista desta história.

O mundo está repleto de figurantes, sem personalidade, com personalidade "muletada" na Identidade de outro, com alternância de personalidade, com dupla personalidade ou personalidade herdada (dispensando a "muleta" de outro). E destes, podemos tirar elementos comuns, chamados de Discípulo (que adquire uma doutrina e a compreende) ou Seguidor (cego, fanático).

A submissão

Uma vez não tendo uma Identidade definida, o Seguidor pode desenvolver uma Personalidade baseada no único interesse de sobrevivência na sociedade, e passará a carregar um "estandarte" de alguma legenda reconhecida pela sociedade, por sua virtude ou pelo respeito que inspira. As finalidades da legenda não interessam. Interessa apenas que este indivíduo psicologicamente incapaz, seja reconhecido.

Para tal indivíduo serve tanto o pertencimento a uma quadrilha de criminosos, quanto o pertencimento a um time de futebol famoso ou o pertencimento a um Partido numeroso e conhecido, amado ou temido.

Nesta modalidade, o valor individual se confunde com o grupo. Para reforçar, este espécime vai procurar andar com algo em seu corpo que possa identificá-lo como membro daquele grupo, time, partido ou instituição. "Folha carimbada se torna oficial".

Sinais do Partidarismo fanático

Por vantagem, ou por genuína fraqueza, o indivíduo de que tratamos pode se tornar inteiramente dedicado aquele em que apoia sua personalidade. Passa a defendê-lo, esteja ele certo ou errado, sendo inocente ou culpado. A gravidade do fenômeno se mostra quando o Seguidor é intelectualmente superior em instrução ao elemento que dita sua personalidade.

Na América Latina isto é particularmente percebível. Caudilhos absolutamente sem formação e sem cultura provocam a admiração de seus seguidores, mesmo sendo perversos, fascistas e bem ignorantes.

O natural é o Seguidor escolher alguém, pelo princípio da Autoridade, superior a si mesmo em conhecimento, em fluidez de raciocínio e em habilidade de proferir julgamentos sábios.

 Por que, então, os latino-americanos seguem os fracos, ao invés dos mais capacitados ? 

O Princípio da Autoridade explica isto, facilmente. Seguem justamente porque este líder fraco não lhes fere o orgulho. É o jogo do "engana dois". O líder incompetente se sente grande tendo seguidores. O seguidor se sente resguardado da superioridade efetiva, ou seja, no fundo sabe que é superior ao líder. Em outras palavras, vaidade do lado do líder e do liderado. O liderado ainda se sente um pouco poderoso ao líder, mas não declara isto a ninguém. Venerando o líder está massageando o próprio ego.

Concluindo

O Partidarismo sectário é consequência de construção defeituosa da personalidade e cria um monstro no líder incompetente. Muitos brasileiros, em manifestações, se declaram apartidários, pois perceberam a fraqueza de seus líderes, pessoas superficiais e sem expressão, mas que querem poder para alimentar a própria vaidade e suas contas bancárias.

sábado, 13 de outubro de 2018

Fantasia política - Perdendo a razão - Eleições 2018

Em texto anterior, procurei mostrar como o mergulho na política, só mais uma das "ilhas" da fantasia do indivíduo, pode transpor os limites sociais para enveredar em uma loucura controlada, aceita pelos outros.

Conhecimento e Razão

De suas experiências, bem ou mal sucedidas, tira o ser humano o seu Conhecimento Pessoal. Este Conhecimento Pessoal se une ao Conhecimento Social e ao Conhecimento Histórico.

Mas existe um Conhecimento Basal, Primitivo, algo como:


  • Os objetos caem para baixo;
  • A luz provoca sombra;
  • O ser humano enxerga somente o que está a frente;
  • Pessoas tem dois braços;
  • Nascemos e vamos morrer;
  • Meus pais normalmente vão morrer antes de mim;
  • Falar é fácil, fazer é mais difícil;
  • O natural do ser e dos objetos é a inércia;
  • Meus pais me amam;
  • Pessoas possuem empatia umas pelas outras;
  • O comportamento pessoal é um. O coletivo é outro;
  • Existe justiça, mesmo que tardia;
  • Alguém vai me amar;
  • Alguém vai me odiar;


A Razão espera estes tipos de manifestações naturais. Podem acontecer eventos que provoquem pequenos desvios:

Desvios do natural

Objetos podem "cair" para cima, se arremessados. Porém, sem força aplicada o objeto cai naturalmente. Retrovisores foram inventados para enxergar o que está atrás de nós, com os olhos virados para a frente. Pessoas podem perder não só um, como os dois braços em um acidente. Podemos morrer antes de nossos pais, de doenças ou de acidentes, mas a ordem natural é bem conhecida (tanto que a morte de filhos provoca imensa tristeza nos pais). Podem existir pais que não amam os filhos, mas o contrário é o natural. Pessoas com problemas psíquicos podem não ter empatia pelos outros.

Psicologia e Razão

Por que nasceu o estudo da Psicologia ? Porque se observou que, devido a traumas, fatos que excederam os limites da razão, fizeram com que alguns indivíduos apresentassem a crença de que a tabela do razoável não estava sendo obedecida em suas vidas, em um ou mais itens.

Um dos fatores que pode provocar desvios nesta tabela, é a opinião dos outros. Existe uma derivação da Opinião que podemos chamar de Indução (opinião proposital dos outros com o fim de influenciar alguém). Outra derivação é a Opinião Mórbida.

A Opinião Mórbida é um senso comum dos homens que os atrai para o pior. A pessoa vê um objeto que tem a aparência de estar pesado, pendurado por uma corda, e logo imagina que o objeto Pode cair. Em um nível mais grave, a pessoa imagina que o objeto VAI cair. A morbidez é natural no ser humano. Os jovens tem uma atração MÓRBIDA por filmes de terror. Vejam o caso dos filmes das séries Sexta Feira 13, Jogos Mortais, Pânico, Invocação do Mal, Exorcista e outros. Existem jovens que assistem a estes filmes e suas versões posteriores mais de uma vez.

Política e Razão

O que vou expor a seguir, na minha opinião, não deveria estar acontecendo com as pessoas, mas demonstra uma falha de amadurecimento da Razão muito fora do comum.

Em vista das vivências ou do volume de conhecimento coletado pela humanidade, o ser humano deveria estar cada vez mais razoávelem suas avaliações. A história universal já mostrou numerosas situações pelas quais a humanidade, como um coletivo, já passou.

Mas o fenômeno parece, a princípio, aparece ser genuinamente brasileiro.

Para nós psicólogos, a situação política brasileira é um "locus" de experimentação de uma situação bem crítica. O candidato à presidência Bolsonaro é como um monstro homofóbico, femeofóbico, bandidofóbico, negrofóbico, que cospe (não fala) fogo (não palavras) pelos microfones que lhe dão.

Para nós, o objeto de análise não é ele, por incrível que pareça, pois tipos como ele existem aos montes no meio de nossa população, escondidos por uma máscara de hipocrisia. O objeto de nossa análise está sendo o povo que o observa, que o ouve, que o execra, que o xinga.

Já analisamos o fenômeno do #Elenão. Agora vamos para aquela fronteira entre a Razão e a Fantasia Política, porque é Fantasia, como demonstraremos.

Faça esta pergunta a quem tem medo, ojeriza do candidato:

"Se for eleito, depois de tomar posse, você crê que Jair Bolsonaro vai colocar os homossexuais em uma prisão ?"

"Se for eleito, depois de tomar posse, você crê que Jair Bolsonaro vai colocar os negros em uma prisão ?"

"Se for eleito, depois de tomar posse, você crê que Jair Bolsonaro vai colocar as mulheres novamente submissas ao Pai ou ao Marido ?"

Este artigo não tem conclusão. Apenas me envergonho de ter que fazer, no século XXI, depois que o Brasil passou por tantas dificuldades, precisando se recuperar, ter que fazer perguntas como estas.





Vivendo no passado

A memória é o instituto cerebral de registro de experiências que nos protege da reincidência em erros, que guarda lembranças de quem amamos para sempre lhes retribuir este amor, e de quem quer nos prejudicar para que nos mantenhamos afastados deles.

Experiências

Como diz o nome, experiências são MODELOS de contexto/comportamento. Por exemplo, se somos roubadas na porta de uma padaria, a experiência serve para tomarmos cuidado naquele local e também nas lojas que tenham o mesmo perfil de contexto desta padaria. Se esta for uma loja de esquina, perto de uma comunidade, tomaremos cuidado em lojas com este tipo de configuração.

A experiência não pode ser tomada como REGRA. Tem pessoas que são assaltadas na frente de uma padaria e depois não voltam nunca mais nela. É mais ou menos como dizer "o raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Se a pessoa cair nesta armadilha do SEMPRE NESTE LOCAL, vai enlouquecer.

Memória

Pois bem. A memória armazenou a experiência, com aquela configuração específica. A impressão fica como experiência.

Eu aviso, então, esperando prestar um serviço a muita gente que sofre:

Experiências não devem ser a Senhora Absoluta da sua vida

A memória pode te avisar se houver uma probabilidade de uma experiência vir a ser desagradável, mas isto não é uma verdade absoluta e nem uma CERTEZA em um outro tempo.

Qual é o limite

O limite de poder da memória é a fronteira do razoável quando se amadurece. Suas memórias de sofrimento, frente à dor, à angústia, em contextos que você nunca mais vai estar, DEVEM SER ABANDONADOS.

Se eu mudar de cidade, sabendo conscientemente que ela é mais segura, eu deverei me sentir mais segura, abaixando o meu grau de alerta frente àquela situação do contexto doloroso.

O lado positivo incômodo

Até agora tratamos do lado negativo das lembranças, que podem nos incomodar. Agora vou tratar do outro lado, que incomoda as pessoas à nossa volta.

As boas lembranças, de escolas de nossa mocidade, da Universidade e até de locais de trabalho, podem nos levar a ser extremamente chatas. Ao encontrar com amigos e conhecidos, evite contar sempre as mesmas histórias das situações que te deram prazer, pois

Só você sabe o valor de suas experiências pessoais

É como a sensação de sua formatura, do seu casamento, do seu primeiro filho. Só você tem a verdadeira dimensão deste fato. As outras pessoas não passaram por isto, pois não estão em seu corpo, em sua mente e nem em sua memória.

Concluindo

Não seja escravo de suas experiências. Se estiver nestas situações, procure ajuda. Não deixe que o "passado negativo" seja um pesadelo em sua vida, e nem que o "passado positivo" te torne um chato.








sábado, 6 de outubro de 2018

Dissecando o fenômeno #Elenão

Confesso que estou gostando deste período de preparação para as eleições mais esperadas dos últimos 12 anos. A ansiedade e a expectação para mudanças profundas estão fazendo aflorar, com mais facilidade, as raízes dos problemas que os paciente escondem involuntariamente. E isto está mais profundo no caso das pacientes do sexo feminino.

As variações

O assunto em torno deste movimento do #Elenão começou com as próprias pacientes, que não puderam se negar a falar de eleições. Como todo assunto leva ao interior emocional dos pacientes, não podemos tentar desviar, negar ou não discutir os aspectos desenvolvidos.

Uma das faces do assunto corresponde às dúvidas e questionamentos de uma senhora dos seus 58 anos, casada a mais de 20, com dois filhos. Ela me perguntou o que eu achava do candidato Bolsonaro. Não posso revelar preferências ou repulsas aos pacientes. Pedi que ela expusesse o que sentia em relação a ele.

Esta senhora tem uma filha que colocou na página de Facebook a "hashtag" #Elenão. Até ai estava no terreno de sua manifestação pessoal, e tudo se passou naturalmente. Há uns dias revelou o desejo de fazer uma tatuagem, e discutiu com o pai. E no meio da discussão ela o acusou de autoritário, de partidário de Bolsonaro, e a discussão ficou bem feia, com as frases habituais de "quando estiver mais velha vai entender" ou "quem paga as contas sou eu", etc.

A mãe ficou indignada com a posição da filha, pois não vê nenhuma coisa que desabone o candidato para o cargo de presidente, e principalmente reconhece nele o atributo de FAMÍLIA. Perguntei a ela se o pai é do tipo repressor. Ela negou, ressaltando que o pai deu celular e computador, fazendo recomendações mínimas à filha, e que não fica fiscalizando o que ela faz. Tem ele como um marido bom e pai liberal. A filha, excetuando os momentos em que quer fazer alguma coisa que o pai não concorda, conversa naturalmente com ele.

O segundo caso que quero citar é o de uma jovem de 32 anos, cujo pai se separou da mãe, para morar em outra cidade, com outra mulher, deixando a mãe como "pãe", forma que se descobriu hoje em dia para designar mães que também tem que assumir o papel de pais. Pois bem, a jovem é fervorosa ativista do #Elenão, congregando colegas e amigas para este grupo. Durante a consulta ela foi muito enfática, falando muito, com sua agressividade e sarcasmo naturais, maximizados pelo fato de estar sob o efeito de um "bek" (cigarrinho de maconha), como os jovens chamam. Crucificou o candidato da forma mais brutal possível. Esta moça tem períodos curtos de namoro, que acabam justamente, como ela mesma confessa, pela sua agressividade latente e pelos sarcasmos que faz. Ela se sente mais a vontade entre as amigas do que com os namorados com os quais fica.

Entendendo o movimento

O movimento não se gerou, como dizem, criado pela sociedade. Ele foi criado por uma mistura de sentimentos humanos derivados de uma mistura de fenômenos e variáveis psicológicos exaustivamente discutidos pela psicologia:


  • Laços familiares;
  • Autoridade paterna;
  • Afetividade feminina em relação ao homem;


Sem se dar conta, qualquer pessoa é afetada pelos efeitos cumulativos dos "tijolos" colocados durante a sua educação, cada um contendo uma impressão positiva ou negativa.

Começando a explicação, a que figura, contida nesses "tijolos" corresponde a figura do Presidente da República ? Para pessoas com um grau de racionalidade já desenvolvido, o Presidente é uma Autoridade sem vínculos afetivos. Para pessoas com uma baixa racionalidade, imaturas, o Presidente SE CONFUNDE, ERRONEAMENTE, com a figura de pai. E se houver um "ruído" durante a educação da pessoa, no caso, a mulher, em seu histórico de vida, o Presidente pode ser uma mescla de Pai com algum namorado cujo relacionamento foi profundamente negativo. Outros ruídos podem gerar, em uma jovem, uma figura distorcida daquele rapaz que se tornou inatingível para ela, ou por desprezá-la ou por ser muito idealizado para que ela tivesse a coragem necessária para se aproximar dele.

Se enumerarmos todos os casos com os quais tive que lidar, encontraríamos várias outras distorções psicológicas.

Entrando mais a fundo no caso específico, o candidato Bolsonaro tem ingredientes até mais agravantes:


  • É militar;
  • Tem opiniões muito firmes;
  • É direto, sem rodeios;
  • É classificado de direitista;


Isto agrava a semelhança do candidato à figura de pai, principalmente para as mulheres e mais profundamente para as jovens.

Mas existe um traço determinante, que, talvez, se não existisse, talvez a figura psicológica ficasse, de certa forma, escondida: o candidato SORRI.

Ora, ora, ora, mas um sorriso não atenuaria os aspectos que já citamos ? Digo a vocês que isto piora os efeitos de uma das figuras que elucidei aqui: a do namorado idealizado.

Muitos homens, para "ganhar" as mulheres, ocultam o "monstro" dentro de si. Escondem um predador que só quer sexo, e que não está disposto a estabelecer laços afetivos. E então utilizam a ferramenta social mais eficaz como escudo de sua própria agressividade: eles sorriem. E fazem muitas vítimas com isto.

Concluindo

Muitas das reações (no sentido de reação, de oposição a uma ação) psicológicas que temos, mesmo quando nos julgamos maduros, expressam reações irracionais originadas na época em que fomos educados, agravadas por circunstâncias sociais, ou de simples oposição, ou de aprovação incondicional das opiniões dos outros. Tenho falado aqui, insistentemente, de OPINIÃO, para que as pessoas procurem ser indivíduos, e não clones sociais, como tenho observado com desânimo.

Qual mulher, hoje, teria a coragem de dizer que vota em Bolsonaro ? E o medo do linchamento social ?




quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Fantasia de personalidade e política

Nos últimos 2 meses (um pouco menos) o tema em minha atividade profissional se desviou do habitual pessoal para a política. Isto é inevitável perto de eleições. Mas esta eleição, pelo fato de estar se revelando muito agressiva (falo do ponto de vista das pessoas e não de atitudes coletivas, partidárias ou nacionais), está ajudando as pessoas a se exporem mais.

O Tema

Quando observamos, em períodos especiais da vida da sociedade, uma mudança no tema das conversas dos pacientes, temos a plena consciência de que a mudança da conversa de pessoal para focada na sociedade não é o desvio de interesse, nem tampouco de desvio do assunto cotidiano da vida deste paciente. A política, no âmbito da terapia, é apenas um TOQUE COSMÉTICO.

Explicando melhor. Falando de si, ou da sociedade, ou da situação política, o indivíduo está falando de si mesmo o tempo todo. Estando os olhos em posição tal que olham para fora do ser, e não para o seu interior, ele entende o mundo pelos reflexos dos olhares dos outros. Uma dos fatos que confirmam tal assertiva é o incômodo frequente e significativo que a pessoa sofre com a OPINIÃO DOS OUTROS.

A maior vitória do indivíduo, é ter uma consciência tão honesta de si mesmo, que a opinião dos outros não prevalece mais tão soberana em sua vida. Daí ele obtém sua redenção psíquica e psicológica. Ele até entende que a opinião do outro pode ser correta, mas não se guia obrigatoriamente por ela, mas pela sua convicção mesclada à sua aspiração.

Por exemplo. A pessoa comenta com um colega que quer fazer alpinismo. Ele lhe diz: "é muito perigoso". A pessoa, então, coleta esta opinião e diz: "vou arriscar". A opinião dop outro não é como uma ordem incondicional. É um comentário, é um conselho, uma forma de ver a situação, mas ela não é soberana sobre a vida da pessoa, e nem o pode ser.

No texto anterior tratei dos cuidados ao se dar uma opinião. Mas como nem todas as pessoas observam estes cuidados, é preciso aqui colocar as formas de se prevenir dos efeitos nefastos das opiniões de terceiros, muitas vezes apoiadas em:


  • Traumas pessoais;
  • Compromissos inconfessáveis;
  • Desvios de conduta(inveja, medo excessivo);
  • Falta de conhecimento;
  • Herança de personalidade;
  • Herança de opinião;
  • Confusão de sentimentos;


Destes, o mais perigoso, do qual sinto urgência em falar sobre é a ...

Herança de Personalidade.

Nossa personalidade é o nosso escudo para enfrentar o mundo. Mas o que eu estou querendo dizer ? Será que estou sugerindo que viver no mundo é tão perigoso que, cedo, precisamos construir um escudo para viver ?

Observe uma criança, até cerca de 4 anos (conferir a maravilhosa obra de Piaget a respeito dos marcos de avanço do desenvolvimento mental da criança). Ela se expõe, chega de peito aberto, é ingênua, não tem vergonha de dizer o que pensa, e nem de perguntar a respeito daquilo que desconhece, não tem orgulho, não tem soberba. É quase pura.

Mas após esta idade, começa a surgir um pouco de vergonha, pois a criança sabe que está sendo observada pelos outros. Daí surge a necessidade de construir barreiras para se proteger dos comentários e opiniões dos outros. E a primeira barreira que ela vê mais acessível é a das regras. É melhor obedecê-las do que contrariá-las e passar vergonha na frente dos outros.

Existe uma forma de lidar com o mundo, que só será descoberta mais tarde, quando existe desenvolvimento mental para isto, e que primeiramente pode vir na adolescência. O indivíduo pode, dependendo do seu grau de inteligência social:

  • Criar as próprias regras de conduta;
  • Seguir as regras de conduta já criadas por alguém mais "descolado" que ele;


Os pais da geração dos anos 2000 vão entender prontamente disto que estou falando. Esta geração vem querendo criar suas próprias regras de conduta baseadas ( não tenho nenhuma vergonha de dizer ):


  • Adesão às redes sociais;
  • Adesão ao consumo de maconha nas chamadas resenhas;
  • Vida paralela nos videogames;
  • Sexo em situação de quase relação física estável;


Não se escandalizem com estes fatos, pois são a pura verdade. Não é culpa soberana das famílias, mas sim de uma sociedade que não só não apóia como desestimula providências enérgicas, até por meio de leis.

Em termos comportamentais, as Leis não podem invadir os ritos e costumes da sociedade, a não ser que estes ritos e costumes ameacem a sobrevivência da sociedade. Em nosso país houve (e digo com toda a consciência e experiência de mãe) uma invasão nociva nos assuntos do núcleo familiar, pais e filhos.

Criou-se uma VERDADE COLETIVA de forma de vida cotidiana que não respeita opiniões individuais. Para se adaptar, pois o indivíduo tem que se defender, ideologias e filosofias coletivas foram sendo empurradas para cima dos jovens. Isto é claro demais, e foi percebido. Criou-se um modelo aceitável de personalidade, não só para evitar problemas, como para tornar as coisas mais fáceis e, controlando as pessoas, promover consumo e manter o poder político.

A maior parte das pessoas está falando do mesmo jeito, encarando problemas do mesmo jeito, e forçando uns aos outros a aceitar as novas verdades que alimentam um ciclo de novas ideologias, novas aceitações e novas ideologias sobre estas.

A quantidade de pacientes que herdaram a personalidade imposta do século XXI, uma imagem de correção politicamente correta, me assombra. Parece que estou orientando pessoas iguais. Falta opinião, falta estratégia pessoal de avanço, faltam ideias, faltam ações. Estou perplexa.

Voto é uma opinião

Eu disse que o tema mudou no consultório, mas que é apenas uma forma de expressão individual. O ser nunca pára de falar sobre si mesmo, alias isto é justamente o caminho para a aceitação individual (não digo cura).

A maior parte da conversa, nestes tempos de conturbação política, é "aquele falou isso", "esse outro falou aquilo" ou "olha só o que o candidato disse". Isto nada tem a ver com política, seja com os neuróticos já adaptados, seja com os neuróticos em tratamento. Tem a ver com ele mesmo, com a sua aceitação na sociedade. Existe, é claro, um elemento determinante. Como a pessoa não sabe qual será o resultado da eleição, ela, não se sentindo ainda adaptada à sociedade, segura de si, ela fica angustiada em relação a quem escolher.

Já começo a receber pacientes que brigaram com amigos e colegas, devido ao seu posicionamento político. Vamos traduzir o político pelo social, pois o que conta para o indivíduo é a sua posição na sociedade. Depois da eleição, a pessoa vai ter que conviver com o resultado por um longo tempo, pelo menos 4 anos. Algumas amizades poderão ser permanentemente perdidas.

Um derivado da herança de personalidade é a ...

Herança de opinião

Aqui já entrou a ideologia. Os efeitos são mais nefastos. A pessoa não vai só repetir comportamentos, mas até os discursos da PERSONALIDADE PADRÃO. A personalidade padrão é um ícone, uma pessoa eminente, conhecida, já aceita. Imitar as opiniões de uma pessoa já aceita, cultuada por uma grande parcela da sociedade, é UM DOS CAMINHOS MAIS FÁCEIS PARA A ACEITAÇÃO SOCIAL.

Então você deve estar compreendendo muito bem o que está ocorrendo há anos em nossa sociedade. Por preguiça, as pessoas estão praticamente passando em uma LOJA VIRTUAL e dizendo:

Me dê ai um cartão com uma opinião

Só que cada cartão não tem uma opinião diferente. Milhares ou milhões vem com a mesma opinião. Um dos balcões de opinião é o Facebook, outro é o Youtube, outro o Whatsapp.

E quem produz estas opiniões ? Os autores das ideologias criadas para controlar as pessoas.

Aviso

O leitor compreenda que pode estar tendo a existência de um clone da Personalidade Padrão, que pode estar fazendo o papel de mero autômato, e que pode estar tendo sérios prejuízos em sua personalidade. A sonhada adaptação rápida à sociedade pode se transformar em um fator de autodestruição.

Não lute pelas sua opiniões, e sim pelo aparelhamento mental, através do verdadeiro conhecimento filosófico, para compor com sabedoria os seus próprios traços de personalidade.




quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A correta interpretação de Opinião - Consciência

Começo por esclarecer que não escrevo sobre este assunto sob a égide da Psicologia. Esta ciência não estuda as Opiniões e sim, dentre outras coisas, os fatores que influenciam uma pessoa a dar aquelas [ as opiniões].

A motivação para escrever sobre isto é a confusão generalizada em nossos meios de comunicação sobre o que está associado à Opinião pessoal, condenações genéricas e sem embasamento e até censuras sob o modo de pensar, que chegaram até o nível do nosso STF, observadas por mim com assombro.

Em que época infeliz estamos vivendo, e não é só no Brasil, não.

As nossas expressões

Vejam como desenhei os temas deste assunto, para entender como vou discorrer:

Expressão da Consciência

As nossas Ideias e suas consequências tem dois aspectos, que separei neste esquema: aspectos puramente teóricos à esquerda e aspectos práticos à direita. Os da direita são tão práticos, que terminam em Ações. Este é o mundo real. Os da esquerda são o nosso mundo da consciência, repletos de metáforas, e que não geram uma realidade palpável, objetiva ou produtiva. Neste último terreno se encontra a nossa opinião.

O vislumbre

Por sermos seres conscientes, podemos ter, em certos momentos, uma visão daquela "luz no fim do túnel". Vemos uma saída para algum problema ou questão que se apresentou perante nós. Corresponde ao que chamei de vislumbre. O problema guarda em si o aspecto prático. A questão, questionamento, enigma ou contexto, que surgem geralmente numa discussão ou pensamento, guardam em si aspectos mais teóricos. O vislumbre é o ponto de partida para o despertar da Consciência.

A ideia

A partir de um vislumbre, do despertar da consciência para o disparo de nossos mecanismos mentais, começamos a agregar os "blocos de significados" armazenados de forma pessoal em nossa memória. A isto correspondem as nossas ideias. As ideias podem ser unitárias ou já, de acordo com o nosso amadurecimento, relações de ideias, que, de tão consolidadas e até comprovadas, já se constituem em ideias de segundo nível.

As ideias são os "tijolos do raciocínio". O Raciocínio é como uma nuvem móvel de experimentação de novas relações entre as ideias e de consequente formação de ideias secundárias. Um exemplo é BOCA e ALIMENTO, do que derivou COMER. Outro é PERNA e DISTÂNCIA de que derivou ANDAR ou CORRER, mediados pela ideia de VELOCIDADE.

O Projeto

E de uma ideia prática, e de um problema objetivo, vem o Projeto. Existia a ideia de se transportar o próprio corpo de maneira mais rápida, e o problema de como fazer isto utilizando um mecanismo ou máquina. Dai veio o projeto do Automóvel.

Existia a ideia de se comunicar e o problema da distância. Surgiu o projeto do telefone, e recentemente do celular. Assim nascem os projetos. Estes, bem planejados, se transformam em ações. A ideia inicial foi concretizada.

A Ação

A ação é a união da vontade com o vencer do próprio ser no que diz respeito à preguiça ou inércia naturais do ser humano. A ação exige esforço, sair da zona de conforto, procurar o progresso, a superação, a realização pessoal, o trabalho para ajudar a humanidade a equacionar os seus problemas.

A ação é a parte mais bonita  de nossas ideias. Ela se levanta do sofá, vai para a oficina e realiza a obra.

A Opinião

Agora preste bem a atenção no foco de nossa discussão. A opinião se encontra, em nível teórico, no mesmo nível de um projeto no terreno do que é prático. Mas a Opinião é um castelo no ar. Ela pode ser bem consistente, lógica, baseada na realidade, mas ela não constrói sequer uma parede neste castelo. Ela vem de um vislumbre, de um raciocínio, mas seu terreno é teórico, e não atinge as reais intenções das pessoas que estão envolvidas num fato discutido (passado) ou mesmo nos exercícios de futurologia.

A opinião é de natureza especulativa, de um lado exercício saudável de especulação, e do outro tentativa de "VENCER o OUTRO". Muito se diz de "Ganhar na discussão". Isto não existe. Nesta parte eu entro no terreno da psicologia. A Opinião não faz você, não te define, não acumula bens em sua conta corrente. Ela é exercício a ser praticado com os outros. Se você estiver só em um mundo, sua opinião não contará absolutamente nada. Mas uma vez expressa para uma amiga, ou para um grupo, ela retornará aumentada, moldada e aperfeiçoada.

A discussão, forma de compartilhamento de ideias, com o fim de aperfeiçoar as Opiniões, é a forma mais evoluída de melhoramento do mundo ao nosso redor.

A Catarse

Tendo caracterizado a opinião, eu posso falar confortavelmente da Catarse. A Catarse é uma Opinião exagerada, mas que alivia muito o coração de suas tensões. No exagero está uma forte expressão da indignação ou do próprio prazer. O Teatro nasceu para isso, bem como as piadas. Piadas são exageros, se você já notou.

Muitos dos nossos políticos fazem uma catarse em seus discursos, pois tem público para isto. São verdadeiros atores. Fazem um tipo. Interpretam aquilo que o povo deseja que eles sejam. Mas não confunda o que eles falam com o que eles pensam e nem o que eles pensam com aquilo que vai direcionar a sua ação, pois são atores, e dos bem ruins.

Quando o político, como Fernando Collor, dizia que ia acabar com os marajás (servidores com altos salários), fazia catarse, para ganhar a eleição. E isto aconteceu. E aconteceu porque o povo confundiu suas opiniões com a ação teórica correspondente.

O presidente João Figueiredo dizia que "eu prendo, eu arrebento". Pura catarse. Puro desabafo. Mesmo ele, um general do período militar, teve que observar a Lei. Teatro, interpretação de si mesmo, ou "estereotipação de si mesmo".

E o exemplo da atualidade, para não ficar presa no passado, Jair Bolsonaro, o candidato do PSL à presidência. É o exemplo mais claro. Este pelo menos ri. Ri de si mesmo, se já puderam observar. E faz isto porque sabe que está atuando. Sabe que vai ter que obedecer à Constituição. Exagerado. Incorpora um Capitão autoritário. Também é um ator.

Em um outro tipo de atuação eu enquadro Aécio Neves, Ator que incorpora um homem justo, íntegro, correto, de boa família. Mas o farto material a seu respeito mostra a verdade das minhas palavras neste texto. Interpretação de um tipo. De um lado fala de ideias nobres, de projetos excelentes. Mas suas ações demonstram a ruptura entre a Realidade e a Opinião.

Os juízes e a Catarse

Em um tempo em que se repudia a censura, a catarse de alguns é atacada por esta mesma censura. Políticos estão sendo chamados, vejam que absurdo, para explicar suas palavras durante acessos catárticos. Que feio, que inadequado, que contraditório. Como diria Renato Russo: "Que país é este?"

As aspirações são umas, as ações são exatamente o oposto. Se João Figueiredo fosse candidato nos anos 2000, seria chamado a toda hora por Raquel Dodge (procuradora da República) para explicar suas palavras. Jair Bolsonaro está sendo chamado por ter exercido seu direito humano de fazer catarse, em relação aos petistas.

Se uma professora de escola chama os alunos de preguiçosos (realidade das realidades) é chamada pela diretora para dar explicações.

O povo que condena a censura é o pior censor que existe. No mes de abril escrevi sobre "Redes Sociais são a nova censura". A hipocrisia está disseminada em nosso país.

Enfim

Pense antes de confundir as ideias, com opiniões, com projetos, com ações e com o direito sagrado do ser humano ao desabafo, como este que acabei de fazer agora.

sábado, 4 de agosto de 2018

Vamos falar de Igualdade e de Liberdade

O século se iniciou com a discussão incessante sobre a aceitação da Diversidade. Os indivíduos, tomados fora dos grupos, tem formas de Pensamento e de Manifestação diferentes.

Frente à esta Diversidade, como podemos falar de Igualdade ? A Diversidade dos indivíduos contradiz a Igualdade de direitos ?

Para entender a conjunção entre Diversidade e Igualdade, basta especificar os contextos. A Diversidade se aplica ao Indivíduo tomado sozinho. A Igualdade, por outro lado, se aplica aos indivíduos quando reunidos em grupos de interesses comuns ou à sociedade como um todo. Mas quando reunidos em grupos ou multidão, os comportamentos individuais podem sumir por completo, com manifestações temerárias e imprevisíveis.

Portanto, uma coisa é a abordagem individual, e outra muuito diferente é a coletiva, grupal, tribal. 

Como já discutimos no texto "A iniciativa própria do indivíduo - Identidade", cada pessoa desenvolve iniciativas próprias segundo o conjunto de valores que vai coletando dos fatos e eventos que ocorrem no enredo de sua vida.

Vamos relembrar de onde vieram as ideias de Igualdade e de Liberdade na História da Humanidade. Quero esclarecer que é a primeira vez que vejo a necessidade de entrar na discussão histórica para compreender a psicologia do ser humano.

A Revolução Francesa

Nas escolas ainda se estuda um dos mais importantes eventos históricos da humanidade: a Revolução Francesa.

Já prestem bem a atenção na denominação Revolução Francesa. Não foi dito Revolução Inglesa, Revolução Russa, Revolução Espanhola. Pela sua denominação se vê que foi um evento com características peculiares. O mundo em volta importou seus anseios, mas não compreendeu que esta Revolução teve um contexto que não podia ser exportado para outras nações em sua integralidade. É como se um deprimido tentasse utilizar a mesma solução encontrada pelo seu irmão, amigo ou vizinho para a própria depressão.

O núcleo motivacional desta Revolução foi a escravização econômica da monarquia sobre a massa da população. Não falamos cidadãos, porque não eram. E nem falamos franceses, pois não eram cidadãos. Era só um povo dentro das fronteiras francesas. E tudo tinha uma razão de ser. Os conselheiros dos reis, junto com os nobres, pretendiam controlar as massas pela ... fome. O estômago vazio detém o ímpeto de fazer qualquer esforço para mudar as coisas. A fome pode despertar um impulso agressivo para sobrevivência individual, mas não do grupo. A fome é egoísta, e nunca altruísta.

E o povo, instigado pelos teóricos do Iluminismo, e liderado pelos interessados em transferir o poder para suas próprias mãos, tomou a Bastilha, famosa prisão dos discordantes da monarquia, pois

NINGUÉM TOMA O PODER PARA ACABAR COM ELE

O ser humano se revela muito inocente quando apoia alguém que quer "mudar as coisas", mas está ligado a grupos que tem interesses na tomada do poder. Os piores teóricos das "mudanças" são os que dizem que estão interessados no povo. Os indivíduos, tomados como coletivo, são muito fáceis de serem convencidos com argumentos falaciosos, principalmente com estes de que falamos: Igualdade e Liberdade.

É importante lembrar que um dos produtos importantes desta revolução foi a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

A França para os franceses

Quando os franceses fizeram a sua revolução, instigados pelos interesses de quem pensava, e queria o poder para si, eles estavam pensando em constituir uma nação para todos viverem bem, com Igualdade. Já os teóricos e promotores da Revolução o objetivo era tomar o poder. A prova disto é a matança que se seguiu, com muitas cabeças rolando das lâminas das guilhotinas.

A transformação social que se segue a um longo período de dominação é sempre brusca e violenta. É necessária ? Bem, será que os grupos dominantes vão entregar o seu poder de forma amigável, negociada e pacífica ? Uma coisa é negociar com criminosos cercados pela Polícia em uma casa. Outra é uma massa de gente oprimida tentar negociar com seus opressores, que detém o poder de Polícia e Autoridade.

Não fosse pela força e pela mobilização, a França estaria na monarquia dominadora até hoje.

Mas o povo francês não queria Liberdade e Igualdade ? O terror que se seguiu não expressava Liberdade. E o fato de um grupo governar com mão de ferro não produziu Igualdade. E a Revolução fracassou por isso ?

Retornemos às nossas vidas pessoais. Se algo importante, significativo não acontecer na sua vida, você vai querer sair de sua inércia ?

Foi isto que aconteceu na França. O período de opressão e terror promovido pelos revolucionários mudou o estado de coisas. E a Revolução Francesa influenciou os outros países.

A Igualdade Francesa

Se você já foi à França, ou ouviu os relatos de quem já foi lá, já deve ter ciência de como os franceses tratam turistas ou não franceses. Quando descobrem que você não é francês, não dão informações, viram a cara e vão embora. Te deixam na mão.

E a Igualdade Francesa ? É só para franceses. Você pode querer liberdade entre seus iguais, no meio do seu povo, no meio da sua nação, mas um brasileiro entre franceses é um pária. Os religiosos judeus, mesmo franceses, mesmo tendo nascido lá, são xingados e podem ser agredidos pelo povo na rua neste país tão celebrado. Eles andam nas ruas em passo acelerado para evitar agressões. E a Igualdade ? Igualdade só para franceses na França.

Os teóricos da Igualdade só pensaram em si. O resto do mundo é outra conversa.

É o retrato da hipocrisia humana. E lembremos que eles redigiram e aprovaram a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Igualdade Econômica

Como podemos ter igualdade econômica, se uns se confessam preguiçosos e fracos ? Como ter igualdade quando algumas mulheres aguardam um homem que as sustente ? Como promover igualdade quando empresários revelam suas táticas para enganar clientes e obter lucro ? Como vamos atingir a igualdade com pessoas que aguardam favores de políticos para suprir sua fraqueza e incapacidade para o trabalho ?

Então uns vão trabalhar para sustentar os outros ?

Portanto, é racional clamar por Igualdade econômica ?

Hoje, tenho minhas dúvidas. Com pessoas tão diferentes em seu ânimo, em suas aspirações, em sua disposição, duvido muito, e encaro este tipo de Igualdade como discurso vazio, promovido pelos fracos, para que os fortes trabalhem para eles.

Conclusão

Mexemos com material humano. Humanos são diferentes. Alguns conseguiram, com seu esforço, dom da natureza, mais que os outros. Outros tentam, com conceitos, superar sua fraqueza para o trabalho, e convencem os outros a trabalhar para sustentá-los. É uma espécie de roubo existencial.

As pessoas precisam trabalhar. É uma das melhores expressões de Igualdade. TODOS deveriam IGUALMENTE trabalhar para se sustentar, e não ficar inventando teorias que os beneficiem economicamente.

Outra conclusão é a de que a Europa quer empurrar goela abaixo dos brasileiros as teses que não conseguiram realizar. Eles são bem recebidos aqui, mas nós somos mal recebidos lá.




domingo, 13 de maio de 2018

O bem estar social traz a paz ?

No início dos governos populares (Lula e Dilma) eu mesma estava muito esperançosa. A realização desta esperança seria, no âmbito da minha atividade de orientar as pessoas no terreno da psiquê, a meu ver, uma maior detecção de ânimo e de otimismo frente a uma situação social que pretendia ser arrumada. Em outras palavras, melhorada a condição social, haveria melhoria na qualidade das condições psicológicas das pessoas que frequentavam (em muitos casos a palavra é esta mesma) meu consultório.

Como possuo convênios, também esperava um aumento no número de pacientes de baixa renda, para virem ao consultório compreender seus problemas internos, agora que as condições econômicas melhoravam para esta classe.

Mas, à medida em que o tempo foi passando, e o número de pacientes realmente veio aumentando, pude botar fenômenos estranhos e diversos do que eu esperava. Aqueles que já frequentavam o consultório, passaram a narrar não mais as suas dificuldades (como era esperado), mas pequenos conflitos fúteis da vida cotidiana, mais próximo do terreno da agressividade. Agora que a situação econômica ficara satisfatória, as preocupações se deslocaram para briguinhas com colegas de trabalho, antagonismos, competitividade desenfreada, e problemas semelhantes.

Eu esperava uma maior preocupação com o crescimento interno que as próprias pessoas teriam, melhorada a situação econômica. O fenômeno também veio misturado com a chegada das redes sociais e suas consequências. Os pacientes, volta e meia, ameaçavam tomar atitudes agressivas com aqueles que atingissem, mesmo de maneira bem leve, seu orgulho, sua opinião e suas convicções.

Índices de Violência

A estatística da violência,.ao invés de diminuir, veio aumentando de 2005 a 2015, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada), apesar da melhoria das condições sócio-econômicas. Isto tem dois componentes: a maneira como foi formada a "civilização" brasileira e os valores que ela deveria buscar e não busca.

Como poderíamos nos afastar do tema, não vamos nos aprofundar na Sociologia, mas tão somente procurar achar as razões no indivíduo.

Enquanto o indivíduo está preocupado com a sua sobrevivência, sua cabeça fica ocupada, quase 100% do tempo, em obter os recursos econômicos para satisfazer as suas necessidades básicas. Quando esta preocupação se acaba, ele procura reforçar o seu amor-próprio (no caso mais evoluído) ou a sua capacidade de crescer profissionalmente (foco na carreira) ou então procura valores que reforçem, pura e simplesmente, o seu ego.

Traduzindo este enunciado para a sabedoria de nossos avós, temos o ditado dos antigos:

CABEÇA DESOCUPADA, OFICINA DO CAPETA

 É triste constatar que toda a ciência psicológica, mesmo com o auxílio da estatística e dos pós-doutorados, chegue apenas naquilo que a sabedoria popular, por pura observação, já vem dizendo há anos.

Depois que os brasileiros se libertaram da sua preocupação sócio-econômica, passaram a procurar propósitos banais para a sua vida cotidiana.

O importante é ser feliz

As novas gerações estão se preocupando, depois de ter o que comer e vestir, com aquilo que as deixa feliz. A carreira de sucesso, o conforto desmedido e obter fortuna, deixaram de ser preocupação. Isto pode ser facilmente constatado na geração denominada de "Milenium", ou seja, os nascidos nos anos 2000, com raras exceções. Os jovens que passam pelos consultórios não se preocupam mais com o seu futuro profissional, e nem sequer com o econômico. Eles afirmam:

EU QUERO FAZER APENAS O QUE ME DEIXA FELIZ

Isto diferencia os jovens de 1940 a 1980, cuja ênfase, no pensamento, era a carreira. Ter sucesso e dinheiro para viver bem.

Não gosto deste chavão de que as novelas são as culpadas, mas posso dizer que elas contribuíram enormemente para a difusão deste tipo de pensamento. Preocupadas em mostrar os excessos de determinadas atitudes das pessoas competitivas, elas acabaram por reprovar completamente o benefício de uma atitude de preocupação com o futuro econômico pessoal e com a carreira, por consequência.

Conclusões

A melhoria das condições sociais é um fenômeno coletivo, promovido pelo estado, e não tem consequência obrigatória nas avaliações e na ótica dos indivíduos. Como já mostramos aqui, as escolhas dos indivíduos é que determinam o caminho que vão seguir (Escolha Individual).

Indivíduos de personalidade fraca pautam suas escolhas com base em fenômenos sociológicos, e é isto que estamos observando ao longo destes últimos 8 anos, em relação ao fator combinado das melhorias sócio-econômicas.

A solução é o reforço dos valores individuais combinados à preocupação com o coletivo.

sábado, 28 de abril de 2018

A guerrilha de 1970 no Brasil - Fenomenologia adolescente

Foram necessários muitos anos de meditação no assunto. Vejam, o período a que todos chamam de Ditadura Militar veio de 1964 à 1980, diminuindo gradativamente de intensidade, e sendo alvo de interpretações políticas e sociais.

Hoje eu posso dizer, baseada na análise dos que tinham por volta de 22 anos de idade (em média), e dos filhos destes mesmos pacientes que, certamente, este movimento de guerrilha, a propósito de luta contra a Ditadura, nada teve de político. Este movimento mal interpretado teve características sociais temporalmente localizadas em torno de um movimento específico peculiar a uma geração.

Adolescência

Todos nós sabemos que o período da Adolescência é pautado pelo seguimento de uma tendência. No bojo dos eventos sociais de uma época, os jovens aderem a uma Filosofia, Ideologia ou Ideal Social que esteja em evidência no momento.

Vamos citar um exemplo que se constitui em um excesso, e que está ocorrendo na Europa, para mostrar o ímpeto da juventude. Jovens Belgas, Noruegueses, Franceses, Alemães e de várias outras nacionalidades, INCLUINDO ALGUNS BRASILEIROS, se tornaram muçulmanos, e foram fazer parte do ISIS (Exército Islâmico). Os "filósofos" de nossa época interpretaram isto como uma espécie de simpatia pela luta dos palestinos. Ledo engano.

Quem interpreta esta tendência está ignorando aquilo que move um jovem na adolescência, que é a busca por EMOÇÕES e pelo PERIGO, em vista da conclusão tardia dos centros de planejamento e crítica apurada, característica da idade, e que fisiologicamente se encontra na parte frontal do córtex do ser humano.

A adolescência é caracterizada pela busca de esportes e atividades perigosas, pela falta de conhecimento dos diversos tipos e graus de consequências de nossos atos. O sujeito está aprendendo, ainda, a avaliar a sequência integral de cada atividade humana e de suas implicações para o futuro.

O fenômeno dos anos 1970

Qual era o contexto social, no Brasil, nesta década ? A sociedade estava sob o peso de uma autoridade identificada como Ditatorial. O jovem tem uma veia natural de antagonismo frente às autoridades. A ideologia de resistência foi levada ao nível de OPOSIÇÃO. E a oposição ideológica não bastava, pois o rótulo de "Ditadura Militar" era amplamente divulgado, com propósitos bem claros, pela esquerda brasileira. Portanto, esta oposição passou ao nível de exigência de uma OPOSIÇÃO ARMADA.

Eu costumo comparar esta oposição armada como um prenúncio do jogo de "Counter-strike" (videogame onde um grupo da lei luta contra os terroristas), bem popular nos anos 1990. Jovens sem preparo se armaram para tentar combater integrantes das forças armadas, ou seja, amadores contra profissionais.

TUDO FOI APENAS UM JOGO, pois o jovem ainda não deixou completamente o mundo da fantasia para se integrar à realidade, e repito: isto só se concretiza quando o Córtex pré-frontal conclui o seu desenvolvimento.

Nos dias de hoje

Hoje, esta veia agressiva encontra seu meio catártico no jogo de GTA (videogame em que o jogador adquire armas, rouba veículos e pode atirar em qualquer um com armas pesadas, inclusive contra a polícia), e em outros jogos de guerra, como Call of Duty, Fortnite e Rainbow Siege.

Tremo só de pensar em uma situação como a atual, em que são descobertos vários políticos corruptos, em que não tivéssemos estes jogos em que estes jovens pudessem descarregar a sua agressividade natural. Poderíamos ter uma sequência de assassinatos por parte destes. Se vocês acham que esta especulação é um exagero, basta citar os casos em que vítimas de bullying levaram a cabo suas intenções agressivas, num nível individual. E se um jovem, sem instrumentos de escapismo, julgar que estes políticos prejudicaram ou estão prejudicando, objetivamente, suas famílias. O que poderia acontecer ?

Diagnóstico

Portanto, pelos argumentos que colocamos, podemos concluir que o fenômeno dos anos 1970 foi consequência dos arroubos adolescentes. Também podemos acrescentar que os jogos ditos violentos, na maioria dos casos, ajudam a descarregar esta agressividade.

domingo, 22 de abril de 2018

A iniciativa própria do indivíduo - Identidade

Um dos questionamentos mais frequentes de um número enorme de pessoas que estamos analisando revela seus anseios em perguntas como:

  • Por que o mundo é injusto ?
  • Por que as coisas tem que ser assim, como se apresentam ?
  • Por que existe tanta maldade e corrupção ?
  • Por que os outros não me entendem ?
  • Por que não aparece um emprego como eu desejo ?
  • Por que não sou escolhido nas entrevistas ?
  • Por que não sou reconhecido na minha função ?

A falta de compreensão destes questionamentos tem levado as pessoas à depressão.

O trabalho em equipe

Antes de continuarmos, acrescentemos aquilo que se tornou "politicamente correto" na pesquisa científica. Dos anos 1950 para cá, foi enfatizado, na ciência, o trabalho em equipe. E isto teve uma razão "político comportamental". Era difícil lidar com o pesquisador solitário, excessivamente talentoso e, por vezes, correspondentemente, excessivamente temperamental. Por esta razão foi estabelecido o trabalho em equipe. No entanto, quem já lidou com equipes de mais de três pessoas já sentiu na pele a imensa dificuldade de lidar com a competição interna entre os integrantes. E existe o perigo gravíssimo da espionagem industrial, pois o ser humano é muito suscetível aos "incentivos financeiros". Quem quiser conferir basta pesquisar "espionagem industrial" no Google, e vai ficar estarrecido:

Alguns casos

É mais fácil lidar com pesquisa do que com egos humanos.

O valor individual

Todos nós, por termos nascido diferentes, podemos, inevitavelmente, apresentar um dom. A pessoa tem que perceber qual é o seu dom, e isto só é possível a partir do "cultivo" de sua individualidade em atividades construtivas, evitando a sua "absorção na massa popular". Não é preciso dizer que, hoje em dia, quanto mais comunicação e, por consequência, influências recebidas, o ser humano (ainda não diremos indivíduo) tende a ser, cada vez menos, ele mesmo.

Um exemplo claro é o Facebook. Ali se vê, clara e limpidamente, a vontade irresistível de obter aprovação dos "amigos". Esta é a influência prejudicial destas Redes Sociais. Estas, assim como a sociedade, que vem pregando de forma indiscriminada e irresponsável, a Igualdade, agem como uma espécie de Patrulha Social, esmagando de forma quase ditatorial, o Valor Individual.

Maiores detalhes em post anterior (Rede Social, nova Censura).

O valor individual, nas empresas, agora, tornou-se um problema. Suscitou-se a Ética, a Equidade, as Ideologias ainda mal delineadas de gênero, ideias de proteção ao indivíduo, ideias de proteção ao meio-ambiente, e esqueceu-se da Individualidade. Não existem mais profissionais capazes de lidar com a individualidade. Isto é particularmente percebidos nas escolas. Aluno diferente, com um pouco de desajuste, por muitas vezes devido a um talento que não aceita a massificação, é imediatamente discriminado. Os próprios coordenadores, pregadores da não discriminação, agem com verdadeira e desumana discriminação em relação a quem não está na média.

Lembrem, os leitores, que média é o limite de vivência dos medíocres. Como as normas e regras vem da maioria, e a maioria reside na média, produzimos regulamentos e regras MEDÍOCRES.

E então, os fomentadores de pesquisas, em nosso país, bem como os industriais, reclamam que tem cargos, mas não encontram gente capacitada. Claro, a sociedade cuidou de criar um ambiente excessivamente medíocre, injetando na cabeça das pessoas, à força, ideologias que refletem o pensamento medíocre, da média, da maioria. E ainda tem coragem de dizer que isto é democrático. Acredito que a doença é democrática, atinge a todos, mas os remédios para a sua cura vem da cabeça de poucos. Se não fosse assim, imediatamente surgida a doença teríamos várias pessoas propondo, "democraticamente", a sua cura eficaz.

Não temos mais ambiente propício ao desenvolvimento de talentos individuais. Mas não citei ainda todos os agravantes. Existe algo muito pior no pensamento político dos países de terceiro mundo, que se chama ...

Socialismo

Para o escopo de uma discussão no terreno psicológico, apresentamos este sistema político como A FALSA RESPOSTA ÀS PERGUNTAS FEITAS NO INÍCIO DESTE ARTIGO (vejam acima).

A principal pergunta "Por que os outros não me entendem ?" se dá no terreno individual. Se o indivíduo se misturar à massa, seguir os seus bordões, fazer o que os outros fazem, ou fazer aquilo que vai agradar aos outros, como se estivesse sendo monitorado, ele será entendido. Desta forma, o indivíduo abre mão do seu bem mais precioso (sua opinião, seu dom, sua convicção de verdade), dando o seu direito ao coletivo, para tentar ser feliz. Existe um ditado corrupto, fruto dos meios de comunicação de massa, que diz:

Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz.

Existem limites para se ter razão, que vão até uma defesa extremamente irracional do próprio ponto de vista, que serve apenas ao ego, Não estamos indo até este extremo. Estamos indo apenas até o ponto da coragem de se colocar o seu ponto de vista, de forma racional e abalizada.

No entanto, as ideologias politicamente corretas querem fazer as pessoas largarem até o seu ponto de vista para serem ROBÔS FELIZES, que agradam à massa medíocre.

Como o socialismo ajuda a manter esta mediocridade, que mata o valor individual ? Basta observar as invasões de propriedade. Segundo esta doutrina perversa do socialismo, quem tem muito tem que repartir com que tem pouco. Mas agora chegamos ao ponto. Excetuando os meios ilícitos de que a pessoa pode se valer, como o jogo de influências e a violência, que motivos temos para CONDENAR AQUELE QUE, POR ESFORÇO PRÓPRIO CONSEGUIU ADQUIRIR MAIS QUE A MAIORIA ?

Pense na forma mais antiga de expressão do Socialismo: a Inveja. A inveja foi expressa real ou "legendariamente", na história mais antiga da Bíblia: a história de Caim e Abel. Psicologicamente posso classificar o Socialismo, quando o objeto de observação é alguém que adquiriu o que tem, de forma honesta, como INVEJA SOCIAL.

A pessoa abre um restaurante, por exemplo, e seu negócio cresce, sua marca é reconhecida, e logo ela estabelece uma rede de alimentação. Rapidamente, ela suscita a inveja. Pessoas comentam:

Olhe aquele ali. Tinha só um restaurante, Agora tem uma rede, e está cheio do dinheiro.

Este é o comentário daquele que DESPREZA O VALOR INDIVIDUAL. Ele mesmo não se dá o valor, e achando-se incapaz, achando-se desprovido de dons, inveja o dom alheio.

O indivíduo na estatística

A psicologia importou da administração o tratamento pelas estatísticas, apenas para se expor panoramas, e se poder dizer se um fenômeno está tendo abrangência ou se está incipiente.

Mas eu digo, sem medo, que a estatística não se aplica a indivíduos com comportamentos diversos, na forma pela qual está exposto neste artigo. O que ocorre, hoje em dia, é a "diluição" do indivíduo dentro de grupos, rotulados como cereais dentro de caixas.

Quando se diz e se faz grande propaganda, por exemplo, de um candidato que está a frente de pesquisas eleitorais, ignora-se os motivos individuais que levaram o indivíduo a optar por um e por outro, e ainda o fato de que os seres humanos podem mudar de ideia. E acrescentemos a forma como uma pergunta feita afeta o raciocínio de uma pessoa.

Discordo totalmente da "Psicologia Estatística", que tenta ditar comportamentos para as pessoas. É comum, neste país, ouvir pessoas dizendo que não gostam de "perder voto", como se estivessem competindo, ao invés de dar sua opinião.

A triste conclusão

A doutrina de governo, que levou os que estamos vendo no poder, é um veneno social, causador de tristeza, sensação de incapacidade, preguiça e DESTRUIÇÃO SUBLIMINAR DOS VALORES INDIVIDUAIS.

A quem ela interessa ? Aos financiadores daqueles que estarão no poder sob este regime.

E um conselho a cada um (evito dizer todos, pois estaria indo contra o que foi pregado neste artigo) que leu este desabafo: tente descobrir o seu dom pessoal, que vai construir ou reforçar a sua identidade. Não vá atrás da opinião dos outros (conselho dos tempos da minha bisavó).

E por último, se você for atrás de pesquisas eleitorais ou coisas do gênero, você deixará de ser uma pessoa, para se transformar em um dado estatístico.

terça-feira, 3 de abril de 2018

As Redes sociais são a nova Censura

Já se vão mais de 50 anos da deflagração do Período Militar no Brasil, e 37 anos da "Abertura Democrática", parte de um plano estratégico muito bem urdido pelos empresários, banqueiros, CIA e militares brasileiros, para garantir a supremacia do domínio americano no Cone Sul das Américas.

De extremos ...

Os brasileiros, sempre protagonistas de extremos de comportamentos, absorvedores vorazes de modismos e modernidades, e facilmente influenciados pelos ardis dos americanos, rapidamente se entregaram aos apetites repreendidos na impropriamente denominada Ditadura. Nota-se, no comportamento das gerações posteriores a perigosa aversão à Autoridade, seja ela representada pelos pais, pelos professores ou pelos gerentes de empresas.

Podemos comparar este fenômeno da "Abertura" aquele que ocorreu na Libertação dos Escravos. Não é escravo apenas aquele que possui correntes a limitar seus movimentos. Escravo é também o que ACHA QUE ESTÁ LIMITADO EM SUA EXPRESSÃO DE IDEIAS E ANSEIOS. E esta é a sensação imprópria sentida por um grande número de pessoas, dentro ou fora de consultórios de psicologia ou psicanálise.

Repressão sem origem definida

Mesmo jovens que sequer experimentaram o período militar de nossa história parecem estar sob um jugo repressivo. E não é do jugo de seus pais que eles reclamam, mas de um jugo imaginário de uma Sociedade Virtual. Eles sentem uma necessidade doentia de serem aceitos. No passado isto se resumia a um círculo pequeno, da família, colegas de escola e vizinhos. Hoje a necessidade se estende a uma legião de amigos físicos e virtuais das Redes Sociais.

Hoje, se o jovem dá um passo em falso, profere uma frase politicamente incorreta, ou é fotografado na companhia de alguém que a comunidade julga  inadequado, ou exagera em uma simples brincadeira, ele é esmagado por uma campanha pública, dos próprios "amigos virtuais", nas redes sociais que participa. Seus "amigos" se tornaram seus juízes e censores. Logo surgem os adjetivos de "vacilão", "grande FDP", comentários como : "caraca, o que que ce fez", "mano, você exagerou". A estes se segue o cancelamento de dezenas ou centenas de amizades, ameaças e "linchamento virtual". Então constatamos que ...

A Censura voltou mais forte

No governo militar a tortura era física e psicológica, mas os algozes eram poucos. A vítima pelo menos sofria com a convicção que estava com a razão: lutava contra um regime opressor. Mas hoje, se a pessoa "escorrega" nas palavras, ou coloca algo que julgava inocente, mas é reprovada, os torturadores serão seus próprios "amigos" virtuais. Numerosos torturadores. A cela de tortura será o mundo. Onde for será apontado. Seus "amigos" se transformarão em delegados, investigadores e juízes. A pena terá duração indeterminada, até que esqueçam aquilo, ou até que algum conhecido faça uma besteira maior..

Naqueles anos de chumbo, a pessoa sabia o que não podia falar ou fazer. Hoje, qualquer coisa que você falar, sobre algo bem trivial, inocentemente, sinceramente, poderá se transformar em motivo de polêmica.

E existe um agravante. Onde houver um celular ou câmera na mão de um oportunista, poderá haver um flagrante, e a coisa vai ficar bem pior. As pessoas estão vigiando umas às outras, em uma atitude que lembra o comunismo na União Soviética.

Conclusões

Se você critica a "Ditadura" brasileira dos anos 60-70, pense 10 vezes antes de ficar pronto para filmar uma "pegadinha". E finalmente:

CUIDE DA SUA VIDA
 E 
DEIXE OS OUTROS EM PAZ

sexta-feira, 9 de março de 2018

O perigoso senso comum

Esta é a Era das Opiniões. Você pensa que é a Era das Redes Sociais. As redes são ferramentas. Estas propiciaram o surgimento descontrolado de opiniões variadas, com ou sem embasamento, com ou sem comprovação, com ou sem imparcialidade. Por isso chamei de Era das Opiniões.

Reflita sobre esta "democratização da opinião". Uma coisa é proferir juízos sobre as situações que estamos vivendo entre quatro paredes, com familiares, amigos ou colegas. Outra coisa é propagar irresponsavelmente estes juízos para o incalculável público da Internet. Esta propagação irresponsável pode estabelecer um perigoso SENSO COMUM, senso das massas, senso de cunho amador, juízo sem raiz profunda na lógica, na razão e num conhecimento que veio sendo cultivado sequencialmente, com sentido na linha temporal da história da humanidade.

O que é o senso comum

Numa definição bem simples, o Senso Comum é um conjunto de conhecimentos adquiridos dos parentes, dos conhecidos, dos professores e outros entes próximos, que nos possibilita viver sem a necessidade de conhecer as Teorias Formais dos vários ramos da ciência. É como uma "ciência geral do mundo".

Mas não dissemos que este senso não tem " raiz profunda na lógica, na razão e num conhecimento que veio sendo cultivado sequencialmente, com sentido na linha temporal da história da humanidade" ? Nossa família não veio sendo formada em uma linha temporal ? Ela não está inserida na história da humanidade ? Todas as famílias não estão na mesma situação ?

A incerteza e a inexatidão do senso comum residem na forma como nossas famílias viveram em momentos importantes da história. Umas podem ter vivido estes momentos intensamente, e outras superficialmente, enquanto outras simplesmente ficaram alheias aos acontecimentos. É preciso saber qual é o nível crítico e analítico das pessoas que compõem nossas famílias. É preciso saber quanto de suas mentes ficava ocupada com o entretenimento, com o bem estar e com opções de fuga da realidade. Estamos discutindo ...

Engajamento na história

O envolvimento da mente na realidade dita o engajamento no momento histórico que está se estabelecendo, e formando a consciência coletiva. Desta forma, quanto maior for este envolvimento, mais precisa será a Visão de Mundo. O Senso Comum tem a perniciosa característica de fundir conhecimentos genéricos (aqueles absorvidos de quem nos é próximo) com a superfície dos fatos que nos estão sendo apresentados no momento vivido. Isto forma uma "Teoria Simplificada" de como o mundo funciona.

Os ramos do conhecimento humano tem Leis, Normas, Metodologias e Regulamentações que só são absorvidos após muito tempo pelo público em geral, até que se chegue a utilizar expressões verdadeiramente científicas, estabelecidas pelos doutores. Doutores são aqueles que dedicam grande parte de seu tempo a compreender as Leis, estabelecer Normas, utilizando Metodologias e Regulamentações, para dominar um ramo do conhecimento humano. Quem se dedica a um ramo do conhecimento, torna-se um expert neste ramo, quase como se sua cabeça fosse um mecanismo especializado daquele ramo. Um técnico de futebol é um expert desta modalidade de esporte.

Áreas do Conhecimento

Com o acúmulo de conhecimento, pela necessidade de sobrevivência, o homem fez expandir os ramos do conhecimento, em número e em profundidade, e esta especialização chegou até o status que hoje conhecemos pelo nome de CIÊNCIA.

Mas nem a Ciência basta. Os gregos foram os primeiros a querer mais, ou seja, eles adquiriram a pretensão de querer saber a ORIGEM e o SIGNIFICADO da Existência Humana, vejam só. Em busca desses objetivos, os gregos começaram a propor os fundamentos da FILOSOFIA. E quando perceberam que nem todas as respostas para a Existência Humana estavam na Filosofia, os gregos, influenciados pelas culturas vizinhas e constatando que havia algo mais, conceberam a sua Religião, ainda que mais calcada em valores humanos, como podemos perceber no comportamento dos deuses de seu Panteão.

Religião

Os gregos não estavam preparados para uma Religião Espiritual, e sim para uma religião filosófica. Mas devemos louvá-los pelo fato de terem alcançado um patamar religioso, mais que unicamente uma Filosofia. No oriente distante da Grécia, os povos estavam estacionados na Filosofia. Budismo, Xintoísmo e Hinduísmo são mais Filosofias do que propriamente Religião. Buda, por exemplo, é um ser humano cultuado como ícone, que inspira seus seguidores (não adoradores) a seguir uma filosofia, e não uma religião.

Já os hebreus, considerados mais primitivos do que os gregos, não estabeleceram um modo de vida a custa de pura Filosofia, ou de Filosofia religiosa. Eles apresentaram um Deus, totalmente espiritual, até severo em relação aos homens, que lhes exigia um comportamento seriamente ilibado, quase impossível de ser praticado, e que prometia esta espiritualidade aos homens.
E retornando ao senso comum ...
Então, munido de uma mistura dos conhecimentos de parentes, amigos, colegas, conhecimentos dos ramos mais próximos de sua vida, também de um pouco de filosofia e de Religião GERALMENTE MAL COMPREENDIDA, o homem comum estabelece o seu Senso, sua ideia, de vida.

Diagnóstico

E como a maior parte da humanidade não busca a profundidade das ideias, mas apenas aquilo que responde às suas aspirações imediatistas, fruto de uma abordagem preguiçosa dos problemas e da própria vida, o Senso Comum se apresenta, sempre, muito impreciso e prejudicial às situações críticas.

Uma destas situações foi mostrada no episódio bíblico do apedrejamento da prostituta, só evitado por um Jesus atento, que desferiu a poderosa frase: "aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra". Ou seja, Ele evitou uma morte que estava prestes a ser consumada, pois o povo fez seu julgamento unicamente baseado em seu Senso Comum.


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Aspectos teóricos e objetivos da Autoridade

Em oportunidade anterior abordei a questão da Liderança. Por que fiz isso ?

A psicologia, como qualquer outra atividade profissional, está sendo muito cobrada no auxílio ao Coaching, aos Treinamentos Empresariais e à orientação profissional. Se um profissional quiser ter retorno mais rápido, hoje em dia, basta ele focar no Universo Empresarial. O nosso foco, no entanto, continua sendo o pessoal. O crescimento pessoal acaba fazendo com que toda a sociedade se recupere e passe a funcionar de maneira síncrona.

Por sob a Liderança reside ...

Abaixo da Liderança, no seu pilar mais sólido, aquela substância de sustentação encontra-se entranhada de algo fundamental para a mente humana, aquilo que a faz sadia, aquele "vacina psíquica" para toda a vida: a Autoridade.

Discutir Autoridade se tornou um tabu. O senso comum vem corroendo o significado de Autoridade e modificando-o para que se pense que ela corresponde necessariamente ao Autoritarismo, coisa completamente diversa, apesar de possui semelhança linguística com a primeira e genuína ideia de Autoridade.

A contribuição de Hanna Arendt

Depois de eventos históricos de efeito, graves e de grande repercussão, sempre surgem reações superlativas, com derivações que tendem a transformar situações especiais em regras. Depois da Segunda Guerra Mundial, e PARTICULARMENTE da fracassada Dominação Nazista, Hanna Arendt começou a sua luta contra regimes totalitários.

Mas o fenômeno Nazista foi um evento sui generis, facilitado pelas raízes Germânicas do povo alemão, alimentado pelas ideias de um império que reunisse o "povo ariano" em uma só nação e piorado pelas ideias de purificação da raça. Foi algo MUITO PARTICULAR de um POVO PARTICULAR. Em outras palavras, o povo que seguiu Hitler já tinha em seu ser a propensão PARTICULAR de seguir um ditador (melhor seria dizer Imperador).

Posso ser vista como radical e até desumana, mas a prova da generalização INDEVIDA dos teóricos inspirados por esta ativista pode ser vista nos resultados constatados hoje, no seio de uma crise mundial de Autoridade. E não é em relação só às figuras humanas que exercem a Autoridade que a crise ocorre. Ocorre também em relação às Leis, PARTICULARMENTE no Brasil, pela índole de nosso povo, que acolhe com facilidade tudo o que for FÁCIL, RÁPIDO, INSOSSO e BARATO.

As raízes da Autoridade

Indiscutível é citar que a primeira Autoridade que uma criança conhece, e que ficará gravada de forma indelével em sua memória, corresponde à figura do seu Pai, seja ele bom ou ruim, atuante ou omisso, rico ou pobre, carinhoso ou bruto. Não importa de que índole seja um Pai, ele será, para o resto da vida da pessoa, o exemplo de figura da qual se tem temor, à qual é preciso ter respeito.

Isto explica a crise atual de Autoridade. Vê-se claramente o surgimento bem cedo do conflito desta geração com a Autoridade. E a figura humana de Autoridade que se encontra mais em crise é a do professor. Professores estão sendo ameaçados e agredidos nas escolas, algo inaceitável. Existem mais "culpados" por esta crise, entre os quais podemos citar ...

A contribuição de Richard Sennet

Richard Sennet norteia suas ideias em torno da Sociologia. Sua abordagem aproxima os comportamentos daqueles que se observam em uma família.

Até nos filmes e seriados americanos de 10 anos para cá se observa a queda do mito, particularmente no ambiente corporativo, de que os empregados formam uma família. Uma vez que se quer fugir deste estereótipo, os teóricos disfarçaram a família na entidade abstrata de EQUIPE. E nesta EQUIPE, segundo Sennet, é preciso criar laços afetivos, para que os projetos tenham êxito.

Sennet fala de Autoridades legítimas e ilegítimas. Agora pensem num ambiente corporativo, que objetiva lucro, repleto de medidas de auditagem e de ouvidoria, que quer se manter como negócio, e vencer a concorrência, onde existem relações de afeto talvez 30 % familiares, ou seja, de tratamento mútuo como se fosse em família.

Existe o desejável, e existe a realidade. Nem empresas familiares são isentas de divergências nas relações entre sócios, sejam irmãos ou meio parentes. "Irmão desconhece irmão" dizia a música de Paulinho da Viola, mostrando que mesmo as associações familiares sofrem reveses e estão expostas a conflitos.

São dignas de nota suas contribuições teóricas para a construção de ambientes de trabalho produtivos.

Sua discussão sobre Autoridades legítimas e ilegítimas levaram a pensamentos que confundem a Autoridade pessoa com a Autoridade substantivo abstrato, personificada nas leis. Leis existem para ser obedecidas, até que sejam modificadas. Mas, como fruto destas polêmicas, observamos a deliberada desobediência às leis em nosso país. A Liderança por Autoridade, na pessoa de quem a exerce, está sendo questionada, como outra manifestação da crise geral de Autoridade. Esta, para ser aceita, não basta ser paternal, mas maternal.

Não se pode comparar a vida citadina com a rotina laboral em uma empresa. Empresas não são instituições democráticas. Seus regulamentos conduzem a atividade diária para produção, e não para entendimento de diferenças, para tolerância, para aceitação incondicional de incapacidades. A não produção não pode não é aceita. Existe a figura da punição, da demissão, da premiação e da promoção. Existe salário envolvido, existe lucro e também o conceito de sustentabilidade, justificação até plausível, pois sem ela todos perdem o emprego.

Subordinação

Até por interesse das organizações, como o próprio nome diz, a atividade na cadeia produtiva (estou sendo sobretudo técnica) precisa ser organizada, decomposta em tarefas,  funcionando na ordem correta, na hora correta, cada uma. Quem faz as tarefas tem uma característica de subordinação em relação a quem é cobrado no momento em que ocorre uma falha, que olha o processo "por cima", para que tudo aconteça corretamente. O trabalho pode até ser feito por equipes, mas cada uma tem que ter uma liderança, e os próprios líderes neste patamar de produção precisam ter um cabeça, que é um líder de nível HIERÁRQUICO acima, cuja responsabilidade é maior, e cada vez mais próxima daqueles que planejam tanto o processo produtivo quanto as metas a serem atingidas.

Obediência

Obediência não é um processo neste contexto. Obediência é atitude. Ela pertence ao terreno afeto à minha atividade corriqueira, e ela é que determina se a pessoa realmente vai participar com eficiência do processo produtivo exigido pela atividade empresarial. E este é o aspecto da Autoridade mais atacado nos nossos últimos tempos. Ninguém quer obedecer a outrem, e muito menos à lei. Até os altos dignitários da nossa nação já esqueceram que tem que obedecer à Lei. Esta está a seu serviço, e não à serviço da nação, é o que eles tomaram como sendo verdade, para justificar seus ganhos ilícitos.

Nas Escolas

E a Escola, berço dos primeiros comportamentos que serão exigidos nos empregos do ambiente empresarial, tem sido o palco de uma das maiores manifestações de insubordinação e desrespeito à Autoridade e desobediência explícita e declarada a estas.

É notório o ambiente hostil entre alunos e professores, pelos divulgadores de teorias que levam as pessoas e alunos a afirmarem que não gostam de receber ordens de ninguém, e que não gostam que a sua vontade seja questionada ou impedida.

Os alunos indisciplinados e com desprezo pelos estudos estão sendo enaltecidos pelos colegas. O importante é ser famoso nas redes sociais, nas brincadeiras e nas bagunças.

Conclusão

A sociedade está entrando em seu terreno mais sério de contradição e de autodestruição: o conflito e o desrespeito às autoridades. Está praticando a desobediência tanto como moda como por insegurança, incapacidade e pela falsa convicção de que não precisam de ninguém para mandar nela.

Pessoas estão procurando atividades solitárias, sem ninguém que as possa impedir de fazer as coisas como bem entendem, candidatos à solidão em sua velhice.

É o tempo do "eu me basto", "eu sou a minha própria lei". Os resultados poderemos observar no futuro, alias alguns já estão aí, em nosso meio político. Basta ler nos jornais.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Liderança e Tomada de Decisões

Com a proliferação de cursos e palestras, ministrados por todo e qualquer tipo de pessoa, utilizando discursos fáceis e insípidos, a discussão sobre Liderança, importantíssima para nossa sociedade industrial e institucionalizada se banalizou, e prejudicou seriamente as relações entre gestores e seus subordinados. Dominam as frases rimadas sem conteúdo, frases de efeito, e o senso comum no mais alto grau, pois na cartilha dos palestrantes está o primeiro axioma do locutor bem sucedido:

Deve-se dizer aquilo que o ouvinte consegue entender.

As pessoas estão sem paciência de pensar, então o conhecimento transmitido deve ser o mais ralo possível.

Liderança e ascensão

Na busca por uma melhoria salarial, mesmo jovens, imaturas e sem vocação, as pessoas estão buscando a liderança, os cargos, pois é mais rápido do que mostrar a sua capacidade e galgar os patamares salariais legítimos e que exigem esforço. Muitos estão assumindo lideranças sem a mínima vivência e capacidade.

Condições para assumir a Liderança

A Imaturidade, fruto ou não da falta de vivência, de alguém que chegou a um posto de liderança leva à criação constante de conflitos, pois a pessoa em questão não atende aos requisitos a seguir:


  • A pessoa entende e sabe fazer o trabalho;
  • A pessoa entende, não sabe fazer, mas sabe delegar com confiança no subordinado;
  • A pessoa é capaz de entender os vários processos da área que assumiu, pois tem capacidade intelectual e fortes princípios teóricos que a fazem capaz de entender;
  • A pessoa não possui o entendimento necessário para entender os processos da área, mas identifica e respeita quem o faz, na área que assumiu. Sua capacidade emocional é suficiente para liderar sem oprimir os empregados devido à insegurança que o desconhecimento temporário dos processos lhe poderia provocar;
  • Seu histórico de trabalho não possui eventos de opressão sobre empregados e nem de conspiração contra estes;
  • A pessoa sabe escolher parceiros com quem trabalhar;
  • A pessoa sabe mostrar falhas sem desvalorizar seus subordinados;
  • A pessoa não emite juízos sobre os empregados, pois sabe controlar o que fala, onde fala e quando fala;


Diante destes requisitos, os candidatos a liderança poderiam desanimar completamente. Estes requisitos são mais comumente encontrados em pessoas acima de 50 anos. Mas justamente a sociedade brasileira quer apostar nos mais novos, acreditando que estes, devido ao fato de provavelmente estarem mais saudáveis, suportarão ser mais exigidos.

Antes, saber obedecer

Uma história sadia e que traria boa vivência ao aspirante a cargos de liderança seria ele ter experiências anteriores com gerentes ruins. Alguém disposto a ter esta vivência aprenderia muito, principalmente se obedecesse, sem conspirar e se utilizar de subterfúgios para sobreviver. Nada de contar com a ajuda de um padrinho para contar com o beneplácito do mau gerente. Tem que ter a coragem e a resistência de passar por este mau período. Assim se forma um bom gestor.

Uma formação militar tem este aspecto de obediência, mas deve ser encarada com reservas, pois empresas não são como instituições militares 100%. Existe certo componente desta natureza na hierarquia das empresas e na ênfase no lucro, exagerada em nossos últimos tempos.

Nossos jovens entre 14 e 25 anos não estão tolerando o mando, a autoridade, objetivos, submissão, ordem e trabalho em equipe. Portanto, será muito difícil que eles tolerem a autoridade, ou possam exercer uma liderança. O material humano que passa pelos consultórios está contaminado por estes fatores, de forma flagrante.

Conclusão

Não quisemos, aqui, oferecer uma fórmula pronta de liderança. São numerosas as terapias e dinâmicas para se formar um líder com alguns dos requisitos básicos citados. Os outros podem ser desenvolvidos, e os primeiros aperfeiçoados. Não existe curso para prover maturidade, e sim condicionamento. Torna-se perigoso para o que não possui maturidade, mas é condicionado, exercer uma liderança, pois cedo ou tarde sua real personalidade vai aflorar, e ele vai perder o que conquistou.

Deixo para o leitor se manifestar com suas dúvidas, que eu as responderei com prazer.