sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Da Intenção até o Ato - De bem intencionados o Inferno está cheio

Existe um ditado antigo que diz:

"De bem intencionados o Inferno está cheio"

Nosso objetivo neste artigo não é mostrar o sentido do ditado, nem se está certo ou errado. Queremos apenas mostrar a cadeia de impulsos humanos que levam o indivíduo a caminhar por este túnel que vai da intenção ao ato.

Para demonstrar nosso objetivo, contaremos com o auxílio da figura a aseguir:



Manutenção do ser/sobrevivência

O homo sapiens pode se jactar de ser o que de melhor existe entre as espécies, mas jamais deixa de ser um animal. Ele apresenta anseios dos mais nobres aos mais extremamente perversos, como atestam os nossos telejornais. No mais íntimo de nossos mecanismos internos de vida existe o inexorável MEDO. E o tempo todo temos uma parte de nossa consciência que nos avisa constantemente de possíveis AMEAÇAS.

Nossos Medos e a consciência de que existem Ameaças potenciais ao nosso redor compõem a nossa ideia subconsciente mais dominante e pela qual lutamos constantemente: nossa SOBREVIVÊNCIA. Esta ideia é a conexão entre o nosso CORPO e a nossa MENTE. Fazendo uma experiência hipotética, se não tivéssemos um corpo que pudesse ser prejudicado por agentes externos, não teríamos Medos e nem sentiríamos que estamos sendo Ameaçados. O Sofrimento para quem tem um Corpo é o sentimento de DOR física.

E, para evitar esta DOR, o indivíduo acostuma a fazer avaliações do ambiente, adquirindo cada vez mais conhecimento de situações em que ela possa aparecer e incomodar. E dependendo do grau de conhecimento que a pessoa adquire em relação às possíveis ameaças do ambiente, que podem influir no seu instinto de Sobrevivência, as respostas do indivíduo para a sua CURIOSIDADE podem ser atrasadas ou completamente bloqueadas, influindo inexoravelmente sobre as suas INTENÇÕES.

Como um "parente" da Sobrevivência e da Curiosidade, temos o Sexo, esta função ora Reprodutiva, ora representante do prazer carnal. Sua representação aqui está submetida às etapas intermediárias até o ATO, mas em certas condições, e em certas pessoas, e em certas épocas, ele pode se apresentar como a seguir:


O Sexo pode ser classificado tanto como fator aparentado da Sobrevivência (manutenção da espécie) como Curiosidade (experimentar algo novo) como busca pelo Prazer carnal. Não importa, aqui, classificá-lo corretamente, até porque é uma das forças mais enigmáticas da natureza, mas apenas mostrar que, em certas situações, ele pode transpor as duas barreiras da Ética, e se consumar de forma pouco razoável.

Intenção

Se uma necessidade de Sobrevivência ou um contexto de novos conhecimentos ou desconhecido provocar o estado Consciente em uma pessoa (Curiosidade), temos a próxima etapa de estímulo do ser humano. No entanto, ainda podem surgir inibições, no caso da Curiosidade, relacionadas às possíveis ameaças que esta nova situação possa sugerir ou acarretar.

Não havendo inibições, ou sendo o grau de Curiosidade elevado o suficiente para superá-las, a etapa de Intenção é atingida. Esta etapa precisa superar uma barreira muito comum nos ser humano: a PREGUIÇA. Ela é classificada no senso comum como um dos "pecados capitais". Caso não existisse, vencidas as inibições da ética e avaliações de risco, e o indivíduo partiria para o ATO sem titubear.

Vejamos a frase de Santo Tomás de Aquino a respeito da Intenção:

"A intenção designa um certo ordenar-se ao fim [ATO]. Ora, ordenar é próprio da razão. Logo, a intenção pertence a esta e não à vontade."

A Intenção, segundo ele, submete-se à Razão, pois existe uma série de pesos e medidas de que a mente toma conhecimento e aplica para dizer "estou querendo fazer isto". Mas pelo que Santo Tomás coloca, o QUERER já aponta para ATO, mais que Vontade. Ele considera que vislumbrar o Ato já tem em si embutida uma Ordem.

Então, na forma de pensar de São Tomás, a Intenção já é quase que uma Decisão tomada, diferentemente do exposto em nosso modelo. Colocamos a opinião dele aqui para que o leitor compreenda que estamos sendo, de certa forma, flexiveis em nosso ponto de vista.


Decisão

Uma vez que a Intenção foi achada com suficiente concordância entre Intenção e Ética Local, o indivíduo pode tomar uma Decisão. CADA UM DE NÓS É O JUIZ DE SUAS AÇÕES. Existe a Ética Local, resultante das Leis do país ou do Estado (como no caso americano), Costumes e Tradições. Todo indivíduo com consciência é imputável em relação às suas decisões, pois as vizinhanças em torno de si VIVEM PROPALANDO O QUE É CONVENIENTE OU NÃO. Somente problemas mentais, que afetem o estado de consciência podem fazer com que o indivíduo salte esta etapa, ou a faça com base em impressões, e não raciocínios decisórios.

ATO

Esta é a etapa nobre e produtiva do que começou como uma Necessidade ou Curiosidade perante um contexto estimulante. É a fase que, havendo a disponibilidade de forças do aparelhamento biológico, o indivíduo perpetra a ação. Não há muito o que expor sobre algo tão objetivo.

Preguiça

Quando se diz que o que nos caracteriza são nossos Atos, isto já é uma medida do nosso grau de preguiça. Um grau alto de preguiça paralisa a transição entre Intenção e Decisão ou entre Decisão e Ato.

Primeiro Ato

Quando um ATO está sendo executado pela primeira vez, as fases de superação da Intenção e da Decisão ficam prejudicadas, a primeira pela falta de Conhecimento necessário, e a segunda pela falta de uma Ética já elaborada para tal situação.

Relembremos o caso da Bomba Atômica. O fator escolhido como predominante se baseou na Ética do Menor Prejuízo, ou seja, se não fosse aquela medida de extrema força, a Guerra no Pacífico estabelecida na Segunda Guerra Mundial, provocaria um número de mortes muito maior do que as contabilizadas na explosão da própria bomba em si.

Ou seja, para o Primeiro ATO de uma espécie, é preciso definir uma Ética de momento, em meio a uma crise. Convocar um grupo de trabalho internacional para definir a ética de um Ato que só teria um bom efeito se garantido o segredo absoluto é uma enorme contradição.

Conclusão

Pela complexidade dos eventos que precedem um ATO, o homem consciente não tem como dizer que não sabia o que estava fazendo.
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Bibliografia:
An Introduction to Psicology - James Rowland Angell
Introdução ao Estudo da Psicologia - Ana M.B. Bock, Odair Furtado e Ma. de Lourdes T. Teixeira









terça-feira, 2 de dezembro de 2014

As gerações 80 e 90

O Brasil tem uma história própria muito curta.

Somos uma nação realmente independente somente após a posse do famoso presidente Prudente de Morais. Como este tomou posse no fim do ano de 1894, odemos dizer que a real história de nossa República, e portanto do Brasil como "indivíduo", sótem 119 anos.

Estes 119 anos não são nada se comparados aos 2041 anos da Europa ( considerando o nascimento do Império Romano apenas, pois levou a administração a todos os pontos do império no Continente Europeu). Se compararamos este dado com os 5774 anos de existência do povo hebreu, a coisa fica muito mais significativa. Somos um país recém-nascido.

República e nação

Uma República só se consolida verdadeiramente se for constituída por um povo que, em si, seja uma Nação. Uma Nação se constitui de um povo que tem costumes culturais, rituais, ideais e heróis consistentes. Os hebreus, como um povo, levaram estes 4 requisitos ao ponto de torná-los conhecidos pelo mundo inteiro. Os americanos cultuam seus heróis, tanto os reais de sua história quanto os da ficção, de forma sólida e efusiva, Estes heróis desua ficção se espalharam pelo mundo inteiro por intermédio das histórias em quadrinhos.

E o Brasil ? Perguntamos.Quais são os nossos heróis ? Quais são os nossos ideais ? Encontramos alguns costumes, mesmo assim copiados ou adaptados dos nossos colonizadores portugueses, no Nordeste. No Sul os costumes são, em grande parte, herdados dos italianos e alemães.

Na parte mais desenvolvida do Brasil, o Sudeste, os costumes são, em sua maiioria, herdados dos americanos. Ultimamente, estamos importando o Halloween, o Black Friday, a música Country forçadamente hibridizada com a música sertaneja, numa mistura indigesta e de baixíssima qualidade. Talvez por este motivo faça tanto sucesso. Os produtores musicais tem um ditado que diz: "se uma música for ruim, basta colocar para tocar até que o povo comece a achar que ela é boa". Deve ser por isto.

Como diria Renato Russo, QUE PAÍS É ESSE ?

Nosso modelo previdenciário é cópia deslavada do modelo americano. Os nossos padrões de roupa informal são americanos, bem como o modelo de Shoppings.

Através da informatização, os modelos visuais e os padrões de uso incorporam criações americanas oriundas da Microsoft e IBM. Somos um gigante industrial que não tem sequer uma marca de veículo nacional. Somos escravos de marcas como Chevrolet, Ford e Volkswagen.

O material humano

Deve ser pelos motivos anteriormente apresentados que a geração de brasileiros nascidos nos anos 80 e 90 tem se apresentado tão duvidosa em suas aspirações, ideais, comportamentos e em comprometimento.

Um dos indicadores de consciência em relação a si próprio é o de incidência da AIDS. Lembrem-se das numerosas campanhas e da massiva onda de informação em torno da prevenção, estamos vendo os índices de contaminação por AIDS aumentarem entre os jovens (nascidos em finais dos 80 e nos anos 90). Imaginem, algo que era uma praga mortal, e que assustou artistas e pessoas de vida sexual um pouco mais ativa que o normal, agora é simplesmente ignorado pelos jovens. Será que é por causa do coquetel que CONTROLA a doença ? Será que a doença que tem cura pode ser experimentada livremente ?

Algo semelhante ocorre na educação. Hoje não existe aquela dificuldade de acesso à escola e ao material escolar dominante antes dos governos populares. São muitos os programas educacionais para colocar quem não tem muitos recursos em uma escola, e muitos são os incentivos sociais para manter os alunos na escola.

O que trouxe o estado de bem-estar

Mas como os alunos vem reagindo a este bem estar social e escolar ? Foi uma enorme coincidência a tecnologia ter dado à esta nossa época o celular, e junto com ele a possibilidade de se ter a Internet nas mãos. O resultado foi a abertura de um canal de conexão com a rede mundial de computadores de dentro da sala de aula.

E como este bem estar não vem necessariamente acompanhado de boa educação, os alunos, muito mais estimulados pela comunicação social do que pela motivação ao estudo, passaram a ignorar o conteúdo dado em sala de aula, e se dedicar mais aquilo que lhe dá prazer.

Futuro ? Para que pensar nele se o Estado Brasileiro vem facilitando tudo para o estudante, com programa Jovem Aprendiz, Bolsa Escola, Poupança Jovem, Bolsa Escola, PRONATEC, ENEM para entrar diretamente na faculdade de acordo com a nota, cotas para minorias e outros dispositivos ?

E se não conseguir evoluir nos estudos, pelo menos a comida está garantida em casa pelas Bolsas e Vales governamentais. Jovens que foram às ruas pedir reformas e fim da corrupção, entre outras coisas, não podem fazer nem a sua obrigação, que é ESTUDAR.

Formação Acadêmica

Os sinais da má formação estão patentes e registrados. Basta ver como os estudantes escrevem e argumentam mal na Internet no Facebook, Youtube e blogs. Os argumentos são apoiados no senso comum, citando apenas fontes jornalísticas (e não periódicos e livros) e de baixíssima complexidade. As construções frasais de universitários são pouco mais desenvolvidas do que a dos alunos do ciclo básico. Fatos brotam da cabeça dos estudantes sem apoio na realidade dos conhecimentos gerais. Mesmo com todo o Universo da Internet disponível, eles não se dão ao trabalho de pesquisar pelo menos 3 fontes sobre aquele fato em evidência. As comparações são confusas e mal relacionadas. As conclusões são lineares (uma causa, um efeito).

E o pior são os erros de escrita. A gravidade está em não conseguir usar a língua materna e de uso cotidiano. Escrever é o MÍNIMO exigido.

Como resultado no Mercado de Trabalho, as empresas já consolidadas procuram profissionais das áreas de Engenharia, Informática e outras áreas das chamadas Ciências Exatas, mas tem que segurar seus projetos na etapa teórica, por não conseguirem pessoas de confiançacom quem possam celebrar seus contratos. A legião de novos vem bem arrumada, bem "armada" de notebooks a tiracolo e tablets nas mãos, mas no principal, que é sua apresentação profissional intrínseca, não oferecem o mínimo grau de maturidade e credibilidade para poder levar a cabo os projetos.

Conclusão

A situação só vai mudar com o endurecimento das exigências em relação às instituições de ensino, que teimam em ter em seus portfólios cursos não reconhecidos pelo MEC, e em relação aos alunos, para se portarem como futuros profissionais, e não como se estivessem em um parque de diversões acadêmicas.

Também os critérios de cessão de benefícios aos estudantes terão que ser mais abrangentes e eficientes em relação ao critério RESULTADOS, para que os estudantes deixem esta zona de conforto em que se acham, por terem feito da Universidade seu ponto de encontro e local de Rede Social Presencial.