"De bem intencionados o Inferno está cheio"
Nosso objetivo neste artigo não é mostrar o sentido do ditado, nem se está certo ou errado. Queremos apenas mostrar a cadeia de impulsos humanos que levam o indivíduo a caminhar por este túnel que vai da intenção ao ato.
Para demonstrar nosso objetivo, contaremos com o auxílio da figura a aseguir:
Manutenção do ser/sobrevivência
O homo sapiens pode se jactar de ser o que de melhor existe entre as espécies, mas jamais deixa de ser um animal. Ele apresenta anseios dos mais nobres aos mais extremamente perversos, como atestam os nossos telejornais. No mais íntimo de nossos mecanismos internos de vida existe o inexorável MEDO. E o tempo todo temos uma parte de nossa consciência que nos avisa constantemente de possíveis AMEAÇAS.
Nossos Medos e a consciência de que existem Ameaças potenciais ao nosso redor compõem a nossa ideia subconsciente mais dominante e pela qual lutamos constantemente: nossa SOBREVIVÊNCIA. Esta ideia é a conexão entre o nosso CORPO e a nossa MENTE. Fazendo uma experiência hipotética, se não tivéssemos um corpo que pudesse ser prejudicado por agentes externos, não teríamos Medos e nem sentiríamos que estamos sendo Ameaçados. O Sofrimento para quem tem um Corpo é o sentimento de DOR física.
E, para evitar esta DOR, o indivíduo acostuma a fazer avaliações do ambiente, adquirindo cada vez mais conhecimento de situações em que ela possa aparecer e incomodar. E dependendo do grau de conhecimento que a pessoa adquire em relação às possíveis ameaças do ambiente, que podem influir no seu instinto de Sobrevivência, as respostas do indivíduo para a sua CURIOSIDADE podem ser atrasadas ou completamente bloqueadas, influindo inexoravelmente sobre as suas INTENÇÕES.
Como um "parente" da Sobrevivência e da Curiosidade, temos o Sexo, esta função ora Reprodutiva, ora representante do prazer carnal. Sua representação aqui está submetida às etapas intermediárias até o ATO, mas em certas condições, e em certas pessoas, e em certas épocas, ele pode se apresentar como a seguir:
O Sexo pode ser classificado tanto como fator aparentado da Sobrevivência (manutenção da espécie) como Curiosidade (experimentar algo novo) como busca pelo Prazer carnal. Não importa, aqui, classificá-lo corretamente, até porque é uma das forças mais enigmáticas da natureza, mas apenas mostrar que, em certas situações, ele pode transpor as duas barreiras da Ética, e se consumar de forma pouco razoável.Como um "parente" da Sobrevivência e da Curiosidade, temos o Sexo, esta função ora Reprodutiva, ora representante do prazer carnal. Sua representação aqui está submetida às etapas intermediárias até o ATO, mas em certas condições, e em certas pessoas, e em certas épocas, ele pode se apresentar como a seguir:
Intenção
Se uma necessidade de Sobrevivência ou um contexto de novos conhecimentos ou desconhecido provocar o estado Consciente em uma pessoa (Curiosidade), temos a próxima etapa de estímulo do ser humano. No entanto, ainda podem surgir inibições, no caso da Curiosidade, relacionadas às possíveis ameaças que esta nova situação possa sugerir ou acarretar.
Não havendo inibições, ou sendo o grau de Curiosidade elevado o suficiente para superá-las, a etapa de Intenção é atingida. Esta etapa precisa superar uma barreira muito comum nos ser humano: a PREGUIÇA. Ela é classificada no senso comum como um dos "pecados capitais". Caso não existisse, vencidas as inibições da ética e avaliações de risco, e o indivíduo partiria para o ATO sem titubear.
Vejamos a frase de Santo Tomás de Aquino a respeito da Intenção:
"A intenção designa um certo ordenar-se ao fim [ATO]. Ora, ordenar é próprio da razão. Logo, a intenção pertence a esta e não à vontade."
A Intenção, segundo ele, submete-se à Razão, pois existe uma série de pesos e medidas de que a mente toma conhecimento e aplica para dizer "estou querendo fazer isto". Mas pelo que Santo Tomás coloca, o QUERER já aponta para ATO, mais que Vontade. Ele considera que vislumbrar o Ato já tem em si embutida uma Ordem.
Então, na forma de pensar de São Tomás, a Intenção já é quase que uma Decisão tomada, diferentemente do exposto em nosso modelo. Colocamos a opinião dele aqui para que o leitor compreenda que estamos sendo, de certa forma, flexiveis em nosso ponto de vista.
Decisão
Uma vez que a Intenção foi achada com suficiente concordância entre Intenção e Ética Local, o indivíduo pode tomar uma Decisão. CADA UM DE NÓS É O JUIZ DE SUAS AÇÕES. Existe a Ética Local, resultante das Leis do país ou do Estado (como no caso americano), Costumes e Tradições. Todo indivíduo com consciência é imputável em relação às suas decisões, pois as vizinhanças em torno de si VIVEM PROPALANDO O QUE É CONVENIENTE OU NÃO. Somente problemas mentais, que afetem o estado de consciência podem fazer com que o indivíduo salte esta etapa, ou a faça com base em impressões, e não raciocínios decisórios.
ATO
Esta é a etapa nobre e produtiva do que começou como uma Necessidade ou Curiosidade perante um contexto estimulante. É a fase que, havendo a disponibilidade de forças do aparelhamento biológico, o indivíduo perpetra a ação. Não há muito o que expor sobre algo tão objetivo.
Preguiça
Quando se diz que o que nos caracteriza são nossos Atos, isto já é uma medida do nosso grau de preguiça. Um grau alto de preguiça paralisa a transição entre Intenção e Decisão ou entre Decisão e Ato.
Primeiro Ato
Quando um ATO está sendo executado pela primeira vez, as fases de superação da Intenção e da Decisão ficam prejudicadas, a primeira pela falta de Conhecimento necessário, e a segunda pela falta de uma Ética já elaborada para tal situação.
Relembremos o caso da Bomba Atômica. O fator escolhido como predominante se baseou na Ética do Menor Prejuízo, ou seja, se não fosse aquela medida de extrema força, a Guerra no Pacífico estabelecida na Segunda Guerra Mundial, provocaria um número de mortes muito maior do que as contabilizadas na explosão da própria bomba em si.
Ou seja, para o Primeiro ATO de uma espécie, é preciso definir uma Ética de momento, em meio a uma crise. Convocar um grupo de trabalho internacional para definir a ética de um Ato que só teria um bom efeito se garantido o segredo absoluto é uma enorme contradição.
Conclusão
Pela complexidade dos eventos que precedem um ATO, o homem consciente não tem como dizer que não sabia o que estava fazendo.
_____________________________________________________________________________
Bibliografia:
An Introduction to Psicology - James Rowland Angell
Introdução ao Estudo da Psicologia - Ana M.B. Bock, Odair Furtado e Ma. de Lourdes T. Teixeira