domingo, 9 de fevereiro de 2020

Cultura da abstinência

Eu tinha que ter mais tempo para escrever, pois os tempos que estamos vivendo exigem o esclarecimento da mente das pessoas. E os amigos me perguntam: "Escrever para quem, se ninguém quer saber de ler ?"

Eu respondo que pelo menos alguns lerão, e estes poucos ajudarão a espalhar o que se escreve, e logo o hábito de leitura voltará com toda força. Eu acredito nisso. Se eu não acreditasse na melhora do mundo, eu não teria me dedicado à psicologia.

Motivação

O que me motivou a escrever este artigo foi a revolta. Ouvi, em uma destas manhãs, uma gravação de mulheres discutindo no programa "Observatório Feminino" da rádio mineira Itatiaia, de uma forma que me incomodou muito. O fato mais absurdo do programa foi o fato de não haver a presença de nenhum homem. Vejam, eu, uma mulher, estou reclamando da presença masculina em um programa que discutiu abstinência. E sabem por que ? Porque o programa tentava jogar a culpa pela gravidez das meninas nos meninos. Os jovens homens são os culpados, pois não usam camisinha e a sociedade só exige cuidado das meninas.

Em suma, uma abordagem feminista, e que ainda desprezou o fator preponderante, hoje, na relação entre os jovens: as drogas.

Mas vamos primeiro expor o quadro do contexto jovem de todos os tempos e complementar com o de hoje.

O Sexo

O assunto é o sexo. Não adianta discutir situação política, social e econômica, colocando fatores bem distantes do problema em questão, para tentar desviar o foco. O sexo é o foco da questão. E qual é o quadro geral que domina todos os tempos ? A chegada da adolescência traz consigo o desejo do jovem de ter o encontro carnal, puro e explícito com o outro sexo. Pobre, rico, que esteja na escola ou não, de pouca ou muita cultura, está suscetível ao fenômeno mais simples da natureza humana:

"entrou em contato com o sexo oposto, o resultado é o ato sexual"

Quantas campanhas de prevenção já foram feitas ? Hoje os pais falam abertamente do assunto, e o que aconteceu ? Aos treze anos vejo pacientes jovens que já se cansaram da prática do sexo. O caminho da ampla divulgação deu errado e isto é fato. Educação sexual nas escolas só serviu para acender ainda mais a curiosidade do jovem.

Prevenção

Deixemos a utopia, a simulação do ideal. Não são só os meninos que se descuidam e até repudiam a camisinha. As meninas também não gostam. Preferem tomar injeções e tomar os comprimidos do que fazer sexo com aquele intermediário incômodo. Elas querem a sensação integral, sem atenuantes.

Então vem estas feministas, fora da realidade, dizer que os meninos tem que se previnir. Pois bem, ainda existe o fator das drogas. Os jovens não fazem mais o sexo em uma situação de consciência plena. Quase a totalidade deles fuma pelo menos um cigarro de maconha antes de sair de casa, e fuma mais um antes do sexo, pois dizem que a sensação é ainda melhor.

O fator drogas foi completamente ignorado na discussão quase infantil tendenciosa e vergonhosa que ouvi na gravação do programa de rádio citado.

Senso comum

Quando o sexo era um tabu, havia meninas que ficavam grávidas, sim, mas não havia tantas como hoje. Os jovens ainda chegava à idade adulta gostando do sexo e fazendo-o de forma sadia. Não havia nos consultórios tantos jovens com desinteresse por sexo e até pela vida, não achando graça em nada e, acima de tudo, NÃO HAVIA JOVENS TOMANDO REMÉDIOS CONTROLADOS para conter sua ansiedade e seu medo perante o mundo.

Se temos, na vida, algo que é difícil de se controlar, pela sua exigência de maturidade, o mais aconselhável é manter este algo como um tabu.

Em sua obra, Freud cita um grupo humano em que o genro não podia sequer dirigir a palavra à sogra, para evitar o nascimento possível de uma relação mais profunda entre eles.

Falar abertamente de sexo, para os jovens, deu errado. Isso produziu jovens que tem suas primeiras experiências aos 11 anos, vejam que absurdo. Eles começam a praticar algo sério e necessário para o desenvolvimento mental em uma idade em que sequer o corpo está totalmente formado, com consequências psicológicas que ajudam a manter nossos consultórios cheios.

Alerta

Se existirem psicólogos e profissionais de ramos relacionados defendendo a educação sexual muito cedo, eu digo com certeza que o interesse deles é pelo lucro, pelos seus ganhos. Tudo tem o seu tempo.

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